Cais do Porto Musical comemora 20 anos da ONG Ação da Cidadania

  • Por Agencia Brasil
  • 16/04/2014 18h02
  • BlueSky

A Ação da Cidadania, fundada pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, em 1993, completa 20 anos em 2014. Uma  série de atividades vai comemorar a data no mesmo  galpão, hoje Centro Cultural Ação da Cidadania,  que abrigava  alimentos doados pela população nas campanhas feitas por Betinho na tentativa de erradicar  a fome de milhões de brasileiros.

Um desses projetos que celebram as duas décadas de existência da Ação da Cidadania é o Cais do Porto Musical, que estreou ontem (15) e se estenderá até outubro, com um intervalo em julho, em razão da Copa do Mundo.

O diretor de produção do projeto, Afonnso Drumond, disse hoje (16) à Agência Brasil que o Cais do Porto Musical  é um festival de música brasileira com atividades gratuitas. “A nossa ideia é ter uma edição a cada ano. O tema da música brasileira é muito vasto. Por isso, a gente pensa em ter, nas próximas edições,  a maior série de recortes possível”.

Em 2014, o projeto Cais do Porto Musical fará atividades mensais que englobam oficinas técnicas, palestras, concertos  e shows artísticos.  O objetivo neste ano é tentar resgatar a música brasileira em sua totalidade, buscando a  sua formação na linha do tempo. “A gente vai tentar, este ano, pegar a música brasileira com todas as suas influências”.

A programação  de abril começou com música indígena, comandada pela tribo Fulni-ô, do interior de Pernambuco, únicos índios do Nordeste brasileiro que mantêm  viva a língua nativa, a Yaathe, e preservam suas tradições, segundo expôs o diretor. Existem hoje cerca de 6 mil fulni-ôs.  Nesta quarta-feira (16) à noite, a programação segue com a palestra Os Povos Indígenas no Brasil: Ontem e Hoje, da  historiadora Marcia Malheiros, que fala  sobre a música indígena. Os índios fulni-ôs fecham a programação de abril com espetáculo de canto e dança.

Em maio, o Cais do Porto Musical   abordará a música negra em suas origens, na África.  O catedrático da cultura afro-brasileira, Nei Lopes, falará sobre a chegada da música africana ao Brasil com os primeiros navios negreiros, associada à dança e à religião. Haverá shows e oficinas dadas pelo  instrumentista Carlos Negreiros.

Em junho, será apresentada a influência da música europeia, que chegou ao Brasil  com os jesuítas. Haverá oficinas de danças medievais e construção de instrumentos da época.

Seguem-se, em agosto, apresentações de música dos quilombos.  O tradicional grupo Afoxé Filhos de Gandhi, fundado em 1951 por trabalhadores do cais do Porto do Rio de Janeiro, será a principal atração.

Em setembro, será a vez dos lundus e modinhas portuguesas do século 19, que começam a influenciar o aparecimento do samba. O grupo Quadro Cervantes oferecerá  uma oficina de danças renascentistas.

Em outubro,  o projeto Cais do Porto Musical termina com duas programações. A primeira traz espetáculos de  gafieira e de música tocada  durante o apogeu  do rádio no país, “a música popular brasileira como um elemento nacional”. Os cabarés da Lapa, bairro boêmio do Rio,  e o surgimento do samba de gafieira serão tema de análise do pesquisador Ricardo Cravo Albin. No final desse mês, o objeto de estudo e de apresentações artísticas serão bandas, orquestras e choro.

A partir do próximo ano, a ideia é aprofundar o festival, fornecendo ao público  detalhes de cada influência musical da música brasileira, de modo  a mostrar as várias vertentes existentes, que serão demonstradas por grupos de diversos locais do país. “É um projeto em que a gente acredita muito”.

Afonnso Drumond informou que a Ação da Cidadania, criada com foco no combate à fome e à miséria no Brasil, arrecadou 30.351 toneladas de alimentos em todo o país, entre 1993 e 2005, que beneficiaram 3.035.127 famílias. Com o surgimento do Programa Fome Zero, do governo federal, que assumiu esse papel, a  organização não governamental (ONG)  se voltou mais para as ações culturais.

No próximo mês de maio, será lançado o livro sobre os 20 anos da iniciativa  de Herbert de Souza, que relatará todo o trabalho feito nesse período, ao mesmo tempo em que propõe atividades futuras. A ONG  desenvolve atualmente projetos específicos em comunidades carentes, como o Leitura em Ação.

No segundo semestre de  2014, haverá um espetáculo musical em homenagem ao engenheiro negro André Rebouças, que construiu o prédio Docas Dom Pedro II, onde está localizado  o Centro Cultural Ação da Cidadania. Em maio, terão início oficinas específicas para atores, figurinistas, cenógrafos, entre outros profissionais, visando a formação de mão de obra especializada para a área da cultura, que trabalhará no musical de Rebouças.

As oficinas permanentes promovidas pela Ação da Cidadania objetivam a formação profissional em áreas como fotografia, produção cultural, gestão da cultura, dança afro e circo.

Editor Fábio Massalli

  • BlueSky

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.