Em homenagem ao centenário do samba, Peruche pode sofrer com protesto político
Abrindo a segunda noite do Carnaval paulistano, a Unidos do Peruche apresentou na avenida o enredo “Ponha um pouco de amor numa cadência e vai ver que ninguém no mundo vence a beleza que tem o samba… 100 anos de samba, minha vida, minha raiz”. No desfile, a agremiação contou a história do samba, que completa seu centenário, no ano em que a escola chega aos seus 60 anos.
Fazendo uma grande declaração de amor ao samba, a agremiação fez referência à origem do samba. Na ala “Chegança”, a Peruche começa com a chegada dos africano ao Rio de Janeiro, onde teve início o samba como se conhece hoje, passando ainda pelos sambas inesquecíveis, grandes sambista e sambas-enredo.
Tocando em sucessos como “As Rosas Não Falam”, do Cartola e “Trem das Onze”, do Adoniran Barbosa, além de “O Bêbado e o Equilibrista”, do João Bosco, a escola ainda buscou falar sobre os assuntos cantados pelos grandes sambas. Incluindo a malandragem dos sambistas no começo do gênero.
A escola ainda falou do preconceito em relação ao samba, que ficou associado muitos anos justamente à malandragem, até o Brasil se tornar a “terra do samba e do pandeiro”. Um carro alegórico que chamou atenção foi o que homenageou Noel Rosa, Cartola e Adoniran, com esculturas grandiosas dos três artistas, que não deixaram de representar o estilo boêmio dos três artistas.
Entretanto, a Peruche pode ter se prejudicado com o protesto político de Ju Isen (conhecida como a Musa do Impeachment), destaque da escola que decidiu chamar atenção não só pelo samba. Depois de ter um tapa sexo com o escrito “fora, Dilma” vetado pela escola, ela tirou a fantasia no meio do desfile e ficou com os seios de fora. A musa causou tamanho alvoroço que foi retirada da passarela do samba pelo presidente da Liga. O tumulto foi em frente à cabine dos jurados e pode prejudicar a escola na hora da pontuação.
Em seguida, quem passou a chamar atenção foi a musa Carmen Miranda, que ajudou a desconstruir o preconceito contra o samba, levando o estilo ao redor do mundo.
“Ponha um pouco de amor numa cadência e vai ver que ninguém no mundo vence a beleza que tem o samba… 100 anos de samba, minha vida, minha raiz”
Firma o pandeiro e o tan tan
Tem samba até de manhã
E a nação perucheana faz a festa
O meu batuque ecoou, um lindo canto de amor
A filial chegou
Na ginga vem o povo negro
Celebrando a vida e a magia ancestral
Das bandas de Angola e do Congo
Batendo na palma da mão
Baianas abraçaram a tradição
Na Praça XI, o berço imortal
Herança dos terreiros de Iaiá
São batuqueiros que venceram preconceitos
A nobreza da cultura popular
Cavaquinho a tocar, sentimento no ar
É poesia eternizada em cada nota
O som que aflora é a cara do povo
“Aquarela” que pintou um mundo novo
Então, “Meu Brasil, Brasileiro”
É de bambas, celeiro
Nas ruas, vielas, a voz da favela
Acordes que trouxeram liberdade
Não marcam bobeira, a boemia e a malandragem
À luz da lua suas faces vão brilhar
E nos quintais, inspiração de um novo dia
Se tem o banjo e o repique, vamos sambar no Cacique
Fazer do enredo uma canção
Eu sou Peruche, “Não leve a mal”
“A grande campeã de Carnaval”
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