Cartas entre Frida Kahlo e seu amante espanhol são leiloadas por US$ 137 mil

  • Por Efe
  • 15/04/2015 16h20

Cartas entre Frida Kahlo e seu amante espanhol são leiloadas por US$ 137 mil

Wikimedia commons Cartas entre Frida Kahlo e seu amante espanhol são leiloadas

Nova York, 15 abr (EFE).- A casa de leilões Doyle, de Nova York, leiloou nesta quarta-feira, por US$ 137 mil, um lote de 25 cartas inéditas que a artista mexicana Frida Kahlo enviou a seu amante Josep Bartolí, um desenhista e pintor espanhol exilado na cidade americana.

A quantia final superou o preço que a Doyle tinha estimado a princípio, que girava entre US$ 80 mil e US$ 120 mil, e foram compradas por uma pessoa física. O comprador, cuja identidade não foi divulgada, é um colecionador de arte e artista de Nova York, e um grande admirador de Frida Kahlo, indicaram à Agência Efe fontes da casa de leilões nova-iorquina.

Foi precisamente em Nova York onde Bartolí conheceu a artista mexicana e onde começaram um apaixonado romance, que é revelado nas correspondências em questão, desconhecidas até o momento. A mexicana conheceu Bartolí por meio de sua irmã Cristina, enquanto aguardava para enfrentar uma complicada operação na coluna em um hospital de Nova York, onde foi visitada pelo pintor catalão, a quem escreveu estas mais de cem páginas entre agosto de 1946, quando tinha 39 anos, e novembro de 1949. A operação foi uma das muitas cirurgias às quais Frida se submeteu após um grave acidente de ônibus que sofreu quando tinha 18 anos, causando uma fratura na coluna vertebral.

Estas 25 cartas falam de sua doença, de sua tempestuosa relação com seu marido, Diego Rivera, e de sua dificuldade para pintar, mas são principalmente declarações de amor que imortalizam o romance entre a mexicana e este artista.

“Meu Bartolí… Não sei como escrever cartas de amor. Mas queria te dizer que meu inteiro ser está aberto a você. Desde que me apaixonei por você, tudo se transformou e está cheio de beleza… O amor é como um aroma, como uma corrente, como a chuva. Sabe, meu céu que chove em mim e eu, como a terra, te recebo. Mara”, diz uma delas. Frida assinava suas cartas como “Mara”, que seria um diminutivo de “maravilhosa”, como seu amante a chamava. Ela pediu a Bartolí que assinasse as suas cartas com nome de mulher -“Sonja”- para que Rivera não suspeitasse de sua infidelidade, já que o pintor mexicano não tinha problemas com as relações de sua esposa com outras mulheres, mas era ciumento com os homens.

Segundo a biógrafa de Frida Kahlo Hayden Herrera, as mensagens “mostram uma solidão que rompe o coração e a miséria da dor física”, já que foram escritas enquanto se recuperava no México da operação à qual se submeteu em Nova York. Embora Frida estivesse profundamente ligada a Rivera, estas cartas sugerem que ela o teria abandonado para viver com Bartolí. Seu amor pelo espanhol era “apaixonado, carnal, mole e maternal”, segundo a análise dos especialistas da casa de leilões.

Uma das cartas que escreveu em 1947 expressa sua angústia quando soube através de um amigo que Bartolí tinha estado no México durante três semanas e que não tinha ido vê-la. A relação acabou em 1949, mas Bartolí nunca deixou de amar Frida Kahlo e guardou a correspondência em seu domicílio até que morreu em Nova York em 1995. Sua família vendeu hoje documentos que também contêm lembranças, como alguns desenhos, flores prensadas ou fotografias. EFE

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