César Camargo Mariano volta ao Festival de Trancoso em “sarau” com solistas

  • Por Agencia EFE
  • 20/03/2014 14h03
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Por Felipe Kopanski.

Porto Seguro, 20 mar (EFE).- No comando de uma seleta “jam session” entre músicos de MPB e solistas eruditos, César Camargo Mariano volta ao palco do festival Música em Trancoso na noite desta quinta-feira para homenagear a genialidade do poetinha Vinicius de Moraes.

O encontro entre César e os renomados solistas internacionais, que começou de uma maneira descompromissada, aparece agora como uma das noites mais esperadas do festival. No entanto, segundo o pianista e compositor, essa evolução não foi assim tão fácil.

“No início, ao convidar os instrumentistas, sempre recebia um grande não como resposta, isso quando respondiam. Tinham medo da palavra improvisação e, por isso, passei a escrever tudo (partituras) para eles. Desta forma, a adesão foi total e todos se mostraram dispostos a participar”, contou o pianista em entrevista à Agência Efe.

“Tocar jazz para eles (músicos de música clássica) era algo assustador, mas essa mistura, esse chamado crossover, é algo fenomenal, único e, por isso, temos que tocar adiante. Não vemos isso ocorrendo em lugar nenhum. Ao menos, não teria outro exemplo para citar”, completou César Camargo Mariano.

Segundo o arranjador, os solistas de música clássica, por serem disciplinados ao extremo, possuem uma grande dificuldade em improvisar e de sair da zona de conforto. No entanto, quando se sentem a vontade, o esforço acaba recompensado. “Ver os caras tocando (Dorival) Caymmi de fogote foi do cacete”, declarou.

Além de escrever os temidos improvisos aos disciplinados solistas, César também assume a escolha do repertório – sempre único e em homenagem aos grandes de nossa música, segundo ele. “Primeiro, fizemos com Tom (Jobim). Depois, foi a vez de Dorival Caymmi e, agora, Vinicius de Moraes”, revelou.

“Costumo dizer que o diferencial desta noite é justamente esse inusitado encontro entre os distintos universos presentes no festival, o erudito e o popular, mas ainda assim com excelência, sem perder em qualidade. Neste caso, nem tem como também”, brincou César ao se referir à qualidade dos músicos envolvidos.

Embora as presenças de César e, supostamente, de Ivan Lins já tenham garantido o nível de excelência da “jam”, a organização do festival – até pela falta de certeza em relação à adesão dos solistas – não costuma divulgar o nome dos músicos presentes e nem o repertório da noite, fato que a torna ainda mais interessante.

“É que, neste caso, nosso compromisso se reduz apenas à sonoridade, tanto que poderíamos mudar o nome da noite para sarau”, finalizou o pianista, que, por sinal, esteve envolvido com o projeto do festival desde o início e também aparece como o dono da noite bossa nova, realizada na última segunda. EFE

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