Colombiano engrandece “Narcos” e revela: “Escobar virou uma religião”
Se as cenas da série Narcos já causam impacto nos espectadores, em um colombiano que vivenciou a época retratada na atração elas podem ter um efeito ainda mais profundo. É o caso de Waldheim Montoya, jornalista diretor da Agência EFE de Notícias em São Paulo. Em entrevista à Jovem Pan, Montoya contou suas impressões sobre a série, cuja segunda temporada foi disponibilizada na última sexta-feira (2) aos assinantes da Netflix.
“Eu me vi literalmente naquelas cenas”, revela o jornalista, criado em um bairro popular de Medellín durante o poderio de Pablo Escobar, interpretado na série pelo brasileiro Wagner Moura. “São imagens que mexem muito”, confessa. Entre as cenas da primeira temporada que mais impactaram o jornalista está uma em que jovens que jogavam futebol são recrutados por homens ligados a Escobar.
“Eu jogava com aqueles moleques”, diz Montoya. Ele conta que carros estranhos costumavam estacionar na beira do campo, e que um ou dois colegas eram chamados para conversar. “Enquanto isso a gente continuava jogando, sem saber muito bem o que acontecia”, lembra o diretor da EFE. “Depois de umas semanas víamos que alguém da vida pública havia sido assassinado, e então descobríamos que os responsáveis eram justamente aqueles moleques que estavam conosco”.
Sobre a atuação de Wagner Moura, Montoya qualifica de “magnífica” a personificação do dono do cartel feita pelo brasileiro. Para o jornalista, o sotaque do artista não compromete em nada, apesar das críticas. “É uma coisa mínima”, resume.
Medellín não é mais a mesma cidade onde Montoya e Escobar viveram. A metrópole passou por uma intensa transformação ao longo da última década, tornando-se um exemplo de planejamento urbano. Uma das principais mudanças foi a integração das favelas, que passaram a contar com escolas e bibliotecas, além de um moderno sistema de bondes que conectam com o centro.
Mesmo com tantas mudanças, Montoya conta que a figura de Pablo Escobar continua sendo venerada por boa parte dos moradores de Medellín, vinte e três anos após sua morte. “Ele é um ídolo, uma verdadeira lenda”, diz. Ele relata ainda que muitas pessoas vão até seu túmulo para fazer novenas e orações. “Escobar virou uma religião, algo parecido com a igreja criada na Argentina para venerar a imagem do Maradona”, conclui.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.