Com cuidado, filmagens podem ser prazerosas para cães, diz Alexandre Rossi

  • Por Adriano Sarafim e Fernando Ciupka/Jovem Pan
  • 22/01/2017 15h10
  • BlueSky
Divulgação Alexandre Rossi critica treinador em vídeo de “Quatro Vidas de Um Cachorro”

O vídeo em que um pastor alemão é forçado a pular numa piscina para filmar uma cena de correnteza para o longa “Quatro Vidas de Um Cachorro” causou revolta em muitas pessoas ao redor do mundo, fazendo com que a PETA pedisse o boicote a produção que estreia no Brasil no dia 26 de janeiro. O consultor de comportamento animal da Jovem Pan, Alexandre Rossi, criticou a equipe responsável pelo treinamento do cachorro e afirmou que essa situação poderia ter sido evitada.

Rossi explica que situações de filmagens costumam ser prazerosas para os animais, principalmente para os cães por conta dos desafios e ansiedade por fazer algo diferente. O consultor diz que o pastor alemão deveria ter sido preparado e incentivado a pular na piscina, mas com material de segurança.

“Tem muito cachorro que gosta de água e eles podem ser acostumados até saltar em correntezas. O jeito que eu faria essa cena se eu tivesse envolvimento era colocar um cachorro que gostasse muito de água e que tivesse sido treinado a pular e brincar naquele ambiente, talvez com menos correnteza, para depois aumentar se houvesse necessidade”, explicou. “Se ela fosse muito forte, o ideal seria colocar um colete salva-vidas nele. Tudo teria que ser feito na brincadeira. Joga uma bolinha, ele vai lá e se diverte, o treinador elogia e depois convida para fazer de novo, aumentando a correnteza aos poucos”, complementou.

O zootécnista formado pela Universidade de São Paulo (USP) acredita que o diretor do filme poderia ter se certificado de que o cachorro estava à vontade para fazer a cena, mas que o lado do treinador do pastor alemão em forçá-lo a entrar na correnteza foi o ato mais grave.

“O diretor poderia ver que estava numa situação errada e se certificar de que a equipe envolvida estivesse tomando todos os cuidados para garantir a segurança do animal. A princípio não pareceu ter havido essa preocupação. Do lado do treinador é mais grave, porque ele é o especialista”, comentou. “Ele percebeu que o cachorro não estava querendo entrar naquele lugar, acho que a principal culpa é do treinador e da equipe que treina os animais. O diretor não tem a sensibilidade para perceber que tem algo errado e arriscado. Infelizmente ali a maior culpa é do especialista”, lamentou.

Com chances de sempre haver questionamentos sobre como cenas com animais foram filmadas, Rossi crê que todas as produções devem focar em realizar um making of que mostre e prove que todo o cuidado necessário com os bichinhos que participam de cenas foi devidamente tomado.

“Como isso é polêmico, diretores já se resguardam chamando pessoas de ONG’s. Já cheguei a fazer making of de como tudo pode ser divertido para o animal. Esse cuidado para se resguardar tem que ser cada vez mais frequentes, ainda mais em produções grandes. Ali no caso foi uma câmera que pegou. Existe casos que não houve maus-tratos, mas a cena pode parecer muito ruim. É legal para o diretor ter esses materiais para mostrar que teve cuidado”, finalizou.


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