Cozinha alagoana é apresentada no Festival de Gastronomia de Tiradentes
Marco Antonio Pereira.
Tiradentes, 31 ago (EFE).- Ingredientes fundidos em pratos que aguçam os sentidos do comensal é um requisito básico para um jantar especial de em evento gastronômico.
Durante dez dias quem esteve na pacata cidade de Tiradentes, em Minas gerais, pôde comprovar de perto o que a boa culinária pode oferecer, tanto estrangeira quanto nacional.
O 17º Festival de Cultura e Gastronomia de Tiradentes, que termina neste domingo, reuniu chefs renomados do Brasil e do exterior em uma grande festa da mesa, onde foram realizados jantares especiais, os festins,
A convite da produção do evento, a Agência EFE participou de um deles, onde os sabores do estado de Alagoas foram apresentados pelo chef Wanderson Medeiros, do Restaurante Picuí, em Maceió.
Eleito pela revista especializada Prazeres da Mesa como chef revelação do ano de 2012, Wanderson é um dos criadores e adeptos da Nova Cozinha Nordestina, estilo que inclui no cardápio de seu restaurante.
“Trouxe todos os ingredientes comigo na viagem, menos a abóbora, e foi um desafio preparar os pratos para tantos convidados, mas ao mesmo tempo muito gratificante”, confidenciou o chef.
E estes ingredientes se converteram em três pratos que deixaram uma ótima impressão nos comensais.
Como entrada, o coalho em chamas – queijo coalho na manteiga de garrafa com tomate seco e manjericão flambado com cachaça – já mostrava o requinte e inovação da Nova Cozinha Nordestina.
O primeiro prato foi um pescado de sururu das Alagoas, que consistiu em peixe grelhado com azeite de urucum sobre sururu (molusco muito utilizado pela culinária nordestina) ao leite de coco e farofa de castanhas brasileiras.
Para o prato principal, Wanderson apresentou a costelinha de sol, bloco de costelinha ao molho barbecue e cebolas ao vinho com purê de abóbora.
E como sobremesa o sabor do nordeste esteve mais uma vez presente no sorvete de rapadura com fios de mel de engenho e farofa de canela.
“Todos os ingredientes que uso são muito particulares da nossa região (…) Uso a mesma rapadura, do mesmo engenho, há mais de 15 anos. Gosto de valorizar os produtores que estão comigo há muito tempo”, explicou o chef alagoano.
Desde 2012, o Festival de Tiradentes investe no mapeamento da gastronomia nacional, por meio da Expedição Fartura Gastronomia. Em três anos, foram mais de 30 mil quilômetros percorridos, em 17 estados brasileiros.
O diretor da Expedição, Rusty Marcellini, responsável pelo convite de Wanderson para o festival, conheceu de perto a culinária de Alagoas e revelou uma outra faceta do chef.
“Uma das coisas que nos fez trazer o Wanderson para o festival é que ele não apenas nos apresentou sua cozinha, mas também nos levou a algumas comunidades cujo trabalho ele defende, como o de descendentes de quilombolas que fabricam cuscuzeiros de barro, que ele vende a preço de custo em seu restaurante”, comentou Rusty.
“Eu acredito que o chef deve ter também esse papel de estar inserido em seu meio”, acrescentou.
O Festival de Cultura e Gastronomia de Tiradentes entrou no calendário da cidade mineira em 1998 e elevou o município a uma posição de destaque.
Hoje o evento contabiliza números surpreendentes: já recebeu chefs de 18 países – como Espanha, França, Itália, Argentina, Estados Unidos e Alemanha; registrou a participação de mais de 630 chefs de cozinha, 160 festins e 77.000 pratos servidos nos jantares; viabilizou a presença de chefs de renome internacional; e já envolveu diretamente mais de 5.500 profissionais. EFE
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