Eduardo Galeano inaugura II Bienal do Livro de Brasília
Brasília, 11 abr (EFE).- O escritor uruguaio Eduardo Galeano inaugurou nesta sexta-feira a segunda edição da Bienal do Livro e da Leitura de Brasília, que relembra os 50 anos do golpe militar e tem o autor de “As Veias Abertas da América Latina” e o brasileiro Ariano Suassuna como homenageados.
No evento inaugural, Galeano fez uma leitura de poemas e contos, a maioria já publicados em seu livro “Os Filhos dos Dias”.
A cerimônia foi realizada no auditório principal do Museu Nacional de Brasília, onde o escritor uruguaio leu, diante de mil de pessoas, entre outros contos, “Agosto 30. Dia dos Desaparecidos”, que classificou como “os mortos sem tumbas, as tumbas sem nome”.
Os organizadores da mostra propuseram uma análise crítica “dos anos de chumbo” da ditadura, que abrangerá desde as violações dos direitos humanos até as disputas ideológicas na América Latina nos tempos da “Guerra Fria”.
Em um dos debates sobre as décadas de 1960 e 1970 na América Latina participará o escritor cubano Leonardo Padura, que aproveitará a ocasião para apresentar seu livro “O Homem que Amava os Cachorros”, publicado no país pela editora Boitempo.
Nessa obra, Padura mergulha na vida de Leon Trotski através do comunista espanhol Ramón Mercader, que assassinou o revolucionário bolchevique no México em 1940, por ordens do ditador soviético Stalin.
Também foi convidada para a Bienal do Livro de Brasília a americana Naomi Wolf, autora feminista conhecida por suas posições críticas em relação à política externa de seu país, sobretudo mostradas no livro “The End of America”.
Hamilton Pereira, secretário de Cultura do Distrito Federal, explicou que a decisão de concentrar a mostra na ditadura obedeceu à necessidade de “ajudar a digerir de forma madura esse processo, que causou tantos traumas à sociedade”.
Segundo Pereira, a bienal propõe “uma reflexão para que o país encare sua tragédia, mas também conheça a criatividade e a coragem dos escritores que a denunciaram a partir da escuridão”.
As consequências da ditadura serão abordadas por dezenas de autores brasileiros, como o poeta Pedro Tierra, um ex-preso político que escreveu junto com o bispo espanhol Pedro Casaldáliga os versos da “Missa dos Quilombos”, uma monumental obra de denúncia que conta com a música de Milton Nascimento.
A mostra, instalada em pavilhões montados na Esplanada dos Ministérios, deve atrair cerca de 200 mil pessoas durante dez dias, segundo os cálculos dos organizadores. EFE
ed/rpr
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