“Elis é um acidente genético”, diz o filho João Marcelo no dia em que ela faria 70 anos

  • Por Jovem Pan
  • 17/03/2015 11h30
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Camila Cechinel / Jovem Pan João Marcelo Bôscoli em partipação no Morning Show nesta terça-feira (17)

Se estivesse viva, Elis Regina completaria 70 anos de idade nesta terça-feira (17). Nascida em Porto Alegre, a cantora começou a mostrar o talento para a música ainda novinha, e fez parte da primeira geração de mulheres que saiu de casa. Seu filho, João Marcelo Bôscoli, se admira com a coragem da mãe, que com apenas 1.53 m de altura não tinha medo de nada. “Se hoje é um mundo machista, que estupra, que mata, imagina naquela época”, diz.

Para ele, a mãe foi um “acidente genético”, já que veio de uma família em que ninguém trabalhava com a música. “Ela também teve muita sorte. Imagina que você tem um amigo que vai mostrar umas músicas e esse amigo é o Gilberto Gil. Acho que a coisa mais importante da Elis é a fé que ela tinha em si. É um tipo humano muito rico”, descreve o filho.

João se refere à mãe como Elis, e conta que para ele a mãe era ainda melhor que a figura Elis. “A Elis não é uma coisa minha, ela se tornou a Elis graças ao Brasil. Eu acho minha mãe melhor que a Elis, porque a Elis cantava bem, mas minha mãe cantava bem, cozinhava bem e fazia outras coisas muito bem”, explica.

Ele diz que muitos questionam se ele ter “ido” com a mãe aos shows antes mesmo antes de nascer o influenciou, e ele diz que não. “Eu era só um bebê boiando ali naquele líquido por oito meses”, diz ele entre risadas.

João relembra a infância: “como a Elis conseguiu fazer shows e gravar comigo em casa, eu não sei. Eu jogava sabão em pó e ligava a máquina de lavar, aprontava muito”. “Ser filho da Elis é a melhor coisa da vida depois de ser pai do Arthur”, declara.

Uma memória que ele nunca vai esquecer é quando Björk esteve no Brasil e pediu para se encontrar com ele. “Demorei a entender que era a Björk, porque ela não estava vestida de cisne”, brinca. “Ela me abraçou, ficou chorando. Ela falou que a Elis tem coragem de emocionalmente ir para lugares que ela não conseguia”. Ele admira esse efeito que a mãe causa em pessoas que nem sequer entendem a língua portuguesa, mas que mesmo assim se emocionam com a voz dela.

Sobre a música atual, ele acredita que este pode ser um momento propício para que alguma coisa nova surja, depois de um longo intervalo em que nada muito importante apareceu. “Eu vejo TV, escuto as coisas, mas nunca ouvi algumas coisas tipo Leco Leco. Se me perguntar se tenho identificação com as coisas de hoje, não tenho. Porque fui mal acostumado. Quando a natureza cria Elvis, Elis, tem que descansar um pouco, não é todo dia que vai criar isso”, diz.

Em comemoração aos 70 anos do nascimento da mãe, muitas novidades vêm por aí. João administra um site com conteúdos inéditos, e diz que ainda tem mais 30 horas de apresentações inéditas que serão colocadas na página aos poucos. Outra novidade é que ainda em 2015 será filmado um longa-metragem dirigido por Hugo Prata, com roteiro de Nelson Motta, Patricia Andrade e Luiz Bolognesi, e ainda sem previsão de lançamento.

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