Em clima de protesto, Mocidade convida Dom Quixote a lutar pelo Brasil

  • Por Jovem Pan
  • 08/02/2016 04h18
RJ - CARNAVAL/RIO/DESFILE/MOCIDADE - GERAL - A cantora, Cláudia Leitte, rainha da bateria, no desfile da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel no primeiro dia de apresentações do grupo especial do Carnaval do Rio de Janeiro, realizado no Sambódromo Marquês de Sapucaí, região central da capital fluminense, na madrugada desta segunda-feira. 07/02/2016 - Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO Estadão Conteúdo Claudia Leitte liderou a bateria da Mocidade Independente de Padre Miguel

Quinta escola a entrar na Sapucaí na primeira noite de desfiles do Carnaval carioca, a Mocidade Independente de Padre Miguel, que detém cinco títulos do Grupo Especial, fez um convite à reflexão.

A escola trouxe Dom Quixote de La Mancha para conhecer o Brasil. O personagem da obra de Miguel de Cervantes, começa a descobrir a história do país através dos livros. Apesar de ser um belo local, o personagem vê manchas em sua história que deve enfrentar.

Com o enredo “O Brasil de La Mancha: sou Miguel, Padre Miguel. Sou Cervantes, sou Quixote cavaleiro, pixote brasileiro”, a Mocidade faz um alerta para que erros de nossa história não voltem a ser cometidos. Entre eles estão: escravidão, ditadura, ganância e corrupção. Mas traz também uma mensagem de esperança de que as coisas podem melhorar.

Sancho Pança e Dom Quixote são representados no desfile. Padre Miguel chama o personagem para percorrer o Brasil e lutar contra aqueles que tiram dos mais humildes o que resta de esperança.

Contando com sete alegorias e um tripé, a agremiação vem com cerca de 4 mil componentes em 38 alas. O abre-alas da escola trouxe índias e teve dificuldades para manobrar na dispersão. Outro carro que traz ratos, em crítica à corrupção, apresentou problemas e quebrou na dispersão.

À frente da bateria, a cantora Claudia leitte levantou o público presente na Marquês de Sapucaí. Temas como pedaldas fiscais e Lava Jato foram abordados pela escola, que fez uma crítica clara aos escândalos de corrupção que vêm ocorrendo no País.

Confira abaixo o samba-enredo da escola:

Louco, apaixonado…
Voar, sem limites sonhar…
Desperta cervantes do sono infinito
Que a luz da estrela vai guiar
Quixote cavaleiro delirante
Avante! Moinhos vamos vencer
Errante, acerta o rumo da história
Pras manchas desse quadro remover
Pintar nessa tela a nova aquarela
E hoje enfim devolver
A honra do negro, a tal liberdade
Que sempre haveria de ter
Ainda é tempo, eu vou contra o vento
Não há de faltar bravura
De ramos à rosa, meu dom encontrei
Nos braços da literatura!
Vai na fé… Meu bom cangaceiro
“ser tão” conselheiro regando as veredas
Caminhando e cantando, seguindo a canção
Nas mãos uma flor vai calar os canhões
Faz clarear as tenebrosas transações
Lavando a alma da “mocidade”
Lançando jatos de felicidade
Vencer mais um gigante nessa história surreal
Numa ofegante epidemia que se chama carnaval
Vem ser mais um guerreiro
Eu sou miguel, pixote escudeiro
É hora da estrela que sempre vai brilhar!
Eu hei de cantar por toda vida
Minha mocidade, escola querida
Nessa disputa…
Verás que um filho teu não foge à luta! (não)

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