Escola de Gente leva teatro inclusivo a comunidades com UPP, no Rio
A organização não governamental (ONG) Escola de Gente inicia, no próximo dia 7, a segunda etapa do projeto Os Inclusos e os Sisos, nas unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), com a realização de três oficinas de teatro acessível e duas apresentações teatrais gratuitas em escolas públicas municipais em comunidades pacificadas. A iniciativa leva cultura com acessibilidade para favelas do Rio de Janeiro e pretende dar aos estudantes, que convivem em sala de aula com colegas com deficiência, a perspectiva da inclusão e da acessibilidade, disse hoje (4) à Agência Brasil a fundadora da ONG, jornalista Cláudia Werneck.
O trabalho foi iniciado no ano passado, com o objetivo de contribuir para que a política de criação das UPPs contemplasse, efetivamente, pessoas com deficiência, que vivem na pobreza. “É muito difícil que elas, de fato, participem do que se oferece nas áreas de cultura, educação, esporte e lazer para as populações pacificadas”, disse Cláudia. O desejo, segundo ela, é contribuir com ações que fortaleçam a perspectiva inclusiva do próprio programa. A primeira série de oficinas e apresentações teatrais foi feita em 2013, mas ocorreu em espaços abertos nas comunidades.
Desta vez o trabalho será dentro das escolas municipais, e Cláudia ressaltou que por meio da apresentação prática do teatro, a cultura se alia ao processo de construção de uma educação inclusiva. Essa é, no seu entender, a grande inovação da segunda etapa do projeto nas UPPs Sociais. Ela acredita que ao levar Os Inclusos e os Sisos às escolas, “mobiliza e sensibiliza professores e gestores de educação inclusiva, fortalece os ideais e a prática educativa no sistema de ensino dessas regiões e cria uma aliança com as escolas que estão fazendo inclusão”. Segundo Cláudia Werneck, a cultura ainda é pouco utilizada no Brasil a favor da inclusão.
A programação prevê oficinas e apresentações da peça em escolas de comunidades pacificadas nos bairros do Jacaré, Cachambi e Riachuelo, na zona norte da capital fluminense. A iniciativa leva às populações o espetáculo Ninguém Mais Vai Ser Bonzinho, em esquetes. A peça se baseia no livro homônimo de Cláudia, recomendado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), e conta com todas as medidas de acessibilidade para pessoas com deficiência.
Entre elas, destacam-se o atendimento prioritário; reserva de assentos para pessoas com deficiência física ou mobilidade reduzida; intérprete de Libras (língua de sinais para surdos-mudos); legendas eletrônicas para as pessoas surdas, que não se utilizam de Libras; audiodescrição da peça por meio de fones e filipeta do espetáculo com letra ampliada, meio digital e braille (processo de escrita e leitura baseado em 64 símbolos em relevo para cegos). Já as oficinas de teatro acessível envolvem exercícios, jogos e dinâmicas que visam dar a cada estudante uma perspectiva inclusiva e de acessibilidade.
No ano passado, o programa de teatro acessível da Escola de Gente foi premiado como uma das 40 ideias mais inovadoras do mundo pela organização austríaca Essl Foundation que, em parceria com o World Future Council e com o Bank Austria lista a mais completa coleção de experiências exitosas pela garantia de direitos de pessoas com deficiência.
Editor Stênio Ribeiro
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