EUA premiam Erzhan Kulibaev, um violinista amante da Espanha e do tango

  • Por Efe
  • 31/05/2015 18h08

Erzhan Kulibaev é premiado pelo Estados Unidos

Efe Erzhan Kulibaev

Washington, 31 mai (EFE).- Com uma vibrante atuação muito aplaudida, o renomado violinista cazaque Erzhan Kulibaev, um virtuose apaixonado pela Espanha e pelo tango argentino, recebeu neste sábado o prêmio “Washington Award”, que reconhece jovens talentos nos Estados Unidos.

Em uma cerimônia realizada na histórica Halcyon House, em Georgetown, um dos bairros mais charmosos de Washington, Kulibaev ofereceu uma esplêndida interpretação de quatro peças de Claude Debussy (1862-1918): “Sonata para violino e piano”, “Allegro vivo”, “Intermède: Fantasque et léger” e “Finale: Très animé”.

Vestido de preto, o violinista, acompanhado pelo pianista canadense-japonês Ryo Yanagitani, brindou sobre um palco com fundo de luz azulada um breve concerto carregado de intensidade e um domínio magistral da técnica.

Perfeitamente compenetrado com Yanagitani, Kulibaev transformou sua primeira atuação na capital americana em um espetáculo rítmico muito emocionante, que arrancou muitos aplausos das 200 pessoas que lotaram a Halcyon House.

O recital do artista cazaque foi um dos momentos culminantes da entrega dos Washington Awards, que completam sua 15ª edição e são concedidos pela Fundação S&R, criada em 2002 para apoiar promessas da arte e das ciências com espírito empreendedor.

“É um prêmio para mim muito importante porque, segundo a Fundação, é dado não por um concerto, mas por toda a trajetória da carreira desde que comecei, aos seis anos”, disse o músico à Agência Efe antes de receber o prêmio, dotado de US$ 5.000.

Kulibaev, que vive em Madri, dedicou o prêmio a sua família: “Eu acho que é a grande conquista dos meus pais, que me ajudaram muito desde minha infância para que eu pudesse estudar e dedicar todo meu tempo à música”.

O artista, nascido em Almaty em 1986, também teve palavras de agradecimento para a “magnífica” Escola Superior de Música rainha Sofía em Madri, onde estudou sob a batuta de um compatriota, o prestigiado violinista Zakhar Bron.

“Durante dez anos estive lá estudando. E aprendi tudo o que sei agora. Aprendi a falar espanhol, inglês, um pouquinho de alemão. Aprendi a tocar violino como o toco hoje”, explicou Kulibaev, que considera a Espanha um “país maravilhoso”, com “orquestras muito boas”.

O virtuose cazaque teve, além disso, a sorte de tocar os violinos mais prestigiados do mundo.

“Toquei Stradivarius. E agora estou tocando um violino francês que me encanta como soa. É um Vuillaume, muito famoso”, contou à Efe o jovem intérprete, um admirador dos gênios do violino Jascha Heifetz e David Oistrakh, assim como de Ludwig van Beethoven (1770-1827), sua “grande inspiração” e seu “compositor preferido”.

Como solista, Kulibaev atuou com prestigiadas formações de todo o mundo, como a Orquestra de Câmara da Sociedade Filarmônica de Moscou, e deslumbrou auditórios em mais de 20 países, entre eles a Argentina, onde se apaixonou pelo tango.

“Me inspira muito (o tango), sobretudo as composições de Astor Piazzolla. Acho que o tango não é tão respeitado como deveria”, afirmou o violinista.

“É uma música séria, muito triste, e acho que há muito em comum entre música clássica e o tango, embora pareça estranho. Porque no tango é preciso tocar com muita imaginação e muita liberdade, o que também é necessário na música clássica”.

Contra todas as previsões, Kulibaev recebeu em 2012 o Primeiro Prêmio e Prêmio Tango de melhor interpretação de tango argentino no Concurso Internacional de Violino em Buenos Aires.

“A verdade – reconheceu – é que eu não esperava ganhar o Prêmio Tango porque nunca havia tocado antes este estilo. O que fiz foi tocar com prazer. E então ganhei. Acho que escolhi a melhor opção: tocar e desfrutar desta música”.

O jovem virtuose do Cazaquistão olha agora para o futuro com “muita esperança” após ter ganhado o “Washington Award”, que também foi recebido neste sábado pelo contrabaixista germânico-egípcio Nabil Shehata, o pianista americano Michael Mizrahi, o dançarino e coreógrafo húngaro Tamás Krizsa e a soprano chinesa Huanhuan Ma.

Kulibaev espera também que o prêmio lhe abra as portas do universo musical nos Estados Unidos: “Vou conhecer muitos músicos deste país. Acho que haverá muitos projetos aqui, muitos concertos, sobretudo de música de câmara”. EFE

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