Favoritos à Palma de Ouro não empolgaram júri em Cannes
Cannes (França), 23 mai (EFE).- Três filmes se destacam como favoritos para levar amanhã, domingo, a prezada Palma de Ouro do Festival de Cannes: a história de amor “Carol”, de Todd Haynes; a juventude do envelhecimento de “Youth”, de Paolo Sorrentino; e a história épica de “The Assassin”, de Hsiao-Hsien Hou.
São três filmes muito diferentes em uma edição em que nenhum dos 19 filmes em competição conquistou unanimidade, e que alguns críticos apontam correndo por fora “Son of Saul”, a estreia de László Nemes com uma dura história que se passa no campo de concentração de Auschwitz.
As opiniões estão muito divididas entre o classicismo formal da preciosa história de amor entre duas mulheres – Cate Blanchett e Rooney Mara – de “Carol”; e a dignidade da velhice que Sorrentino discute com seu estilo surrealista.
Em ambos os casos seus intérpretes são os mais cotados ao prêmio. Blanchett para o feminino e Michael Caine para o masculino por seu papel de diretor de orquestra aposentado com um fino e corrosivo senso do humor em “Youth”.
Já “The Assassin” foi aplaudido por todos por sua proposta estética. Um esmagador desdobramento de beleza que o conteúdo quase ninguém entendeu nada.
Também concorrem “The Lobster”, do grego Yorgos Lanthimos, uma história estranha como costumam ser todas deste diretor, que apresenta um futuro em que os seres humanos que não encontram um parceiro se transformam em animais.
E embora muito não tenha sido dito sobre ele, outro dos filmes que mais agradou ao júri foi “Sicário”, do canadense Denis Villeneuve, uma história sobre violência e tráfico de drogas na fronteira entre México e Estados Unidos, contada pelo lado americano.
Benicio del Toro, Emily Blunt e Josh Brolin estão impecáveis em uma história que muitos em Cannes porém, consideraram pouco arriscada para o festival.
Também não se pode desdenhar “Mia Madre”, do italiano Nanni Moretti, que agradou principalmente à imprensa francesa, uma história que o diretor começou a pensar após a morte de sua mãe.
A morte se repete em outros dos filmes da competição, como “Louder Than Bombs”, do norueguês Joachim Trier, que se destacou mais pelo estilo mais que pela história, ou “Our Little Sister”, outro exemplo do cinema humano do japonês Hirokazu Kore-Eda, que tem na interpretação de suas atrizes seu elemento mais forte.
“Chronic”, do mexicano Michel Franco, é outro que se centra na morte, com Tim Roth como destaque e um estilo narrativo muito particular como força.
Menos chances parecem ter o terceiro italiano da competição, Matteo Garrone, com “Il racconto dei racconti”, uma modernização de um conto clássico, com Salma Hayek no elenco; o chinês Jia Zhang-Ke com “Mountains Mai Depart”, um filme inferior aos seus trabalhos anteriores, e “Macbeth”, com Michael Fassbender e Marion Cotillard.
Além da morte, a família e o amor foram os temas mais recorrentes de uma edição que teve uma esmagadora presença do cinema francês – cinco filmes na competição, mas que teve poucas histórias interessantes.
Só “A loi du marchei”, de Stéphane Brizé, se destacou mais pelo tema do que pela realização. A crítica à voracidade do atual mercado de trabalho tem em seu protagonista, Vicent Lindon, a seu principal chance a algum prêmio.
E fora de todas as apostas está “The Sea of Trees”, a espiritual proposta de Gus Van Sant que não convenceu nem mesmo com Matthew Mcconaughey e Naomi Watts no elenco.
A Palma de Ouro é decidida pelo júri do festival, presidido pelos irmãos Ethan e Jol Coen, e conta com o diretor mexicano Guillermo del Toro, as atrizes Rossy de Palma (Espanha), Sophie Marceau (França) e Sienna Miller (Reino Unido); o diretor e ator canadense Xavier Dolan, o ator americano Jake Gyllenhaal e a compositora malinesa Rokia Traoré. EFE
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