FBI abandonará seu bunker cinzento em Washington e irá para o subúrbio
Jairo Mejía.
Washington, 2 ago (EFE).- O FBI, que ocupava um dos edifícios governamentais mais feios de Washington, expoente de um estilo conhecido como “neobrutalismo”, está mais perto de trocar o cobiçado centro da capital americana pelos subúrbios.
O edifício J. Edgar Hoover, batizado em homenagem ao primeiro diretor do FBI moderno, é, com seus 40 anos de história, um bloco de concreto cor de areia que contrasta com as colunas coríntias, escalinatas de mármore e frisos art déco dos edifícios dos arredores.
Esta semana, finalmente, a autoridade responsável pelas despesas federais, a GSA, elegeu três possíveis localizações para os novos quartéis do FBI: uma área de estacionamentos em Greenbelt, um antigo centro comercial abandonado em Landover, ambos no condado de Prince George (Maryland), e um armazém do governo no condado de Fairfax (Virgínia).
A sede central do FBI, tantas vezes retratada em filmes e séries, mudará em alguns anos para os arredores, onde poderá receber os cerca de 11 mil empregados, quase o dobro dos 5.800 que hoje trabalham na sede da Avenida Pensilvânia, coluna vertebral da monumentalidade de Washington.
Além de ser criticado pela feiura, o edifício está em um estado de deterioração muito avançado, com fendas e goteiras, e as medidas de segurança para esta sede policial não dão margem para a criatividade e o urbanismo amigável.
O ressurgimento de 28 mil metros quadrados edificáveis no coração do Distrito de Columbia e na Avenida Pensilvânia transformam a saída do FBI em um dos maiores projetos imobiliários da década.
Durante os últimos dois anos os promotores se interessaram por este lucrativo plano, que revitalizaria o coração de uma cidade em constante crescimento e que passou basicamente alheia pela crise imobiliária.
A possibilidade de abrir lojas, apartamentos ou novos escritórios em uma das melhores localizações de Washington, no vibrante Penn Quarter, já deixou os construtores ansiosos.
A empresa que finalmente ganhar a licitação deverá levantar os quase 200 mil metros quadrados dos novos quartéis-generais em troca do prezado solar, o que servirá para o governo federal economizar custos.
O novo complexo central do FBI contará com modernas medidas de segurança, poderá se defender melhor de espiões e do medo de atentados e deixará para trás um edifício decrépito que foi desenhado para conter gigantescos arquivos na era do papel.
O novo campus da maior agência policial e de investigação dos Estados Unidos será uma minicidade onde o trabalho da agência, que mudou completamente depois dos atentados de 11 de setembro, poderá ser realizado de modo mais eficiente.
Os novos objetivos do FBI são acabar com o terrorismo, e os desafios tecnológicos foram as principais causas para este movimento que deixará Washington órfão de um de seus edifícios mais emblemáticos, mas também um dos mais detestados.
Hoover, que morreu em 1972, antes de ver a sede pronta e batizada com seu nome, disse que o edifício parecia “algo chegado de Marte”.
O arquiteto Arthur Cotton Moore foi muito menos diplomático: “seus muros de concreto, sem janelas ou vida nelas, são um pecado urbano”.
Para os turistas a saída do FBI do Distrito de Columbia os privará das visitas guiadas ao interior da primeira agência que popularizou na cultura de massas o papel da polícia e que expandiu a importância da ciência na resolução de crimes. EFE
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