Festival de Trancoso abre 3ª edição com música clássica, chuva e casa nova
Felipe Kopanski.
Porto Seguro, 16 mar (EFE) – Com uma mistura entre erudito, popular e socioeducativo, o festival Música em Trancoso deu início a sua terceira edição na noite de sábado e, desta vez, em sua aguardada nova casa – um faraônico teatro com duas plateias (salas) sobrepostas, sendo uma a céu aberto e ambas com capacidade para 1.100 pessoas.
Diferentemente dos anos anteriores, quando foi realizado no auditório do Club Med e também no mesmo espaço de agora, porém, repleto de poeira e ainda inacabado, o festival entrou em 2014 já pensando no que viria a ser sua principal atração: o teatro esculpido pelo arquiteto luxemburguês François Valentiny no sul da Bahia.
“Um ano atrás, fizemos essa promessa. É, está cumprida”, disse Carlo Lovatelli, um dos fundadores e quem comandou o discurso de inauguração do espaço, situado a cerca de oito quilômetros do chamado Quadrado – quatro em estrada de terra – e que ainda inclui o Facilities, um arrojado e não menos imponente prédio térreo com salas de ensaio.
Na sequência da inauguração, antes da Orquestra Jovem do Estado de São Paulo (OJESP) começar a receber os convidados previstos – um seleto time de solistas internacionais -, a mezzosoprano baiana Josy Santos, ex-bolsista do Mozarteum, instituição que dirige o festival, surgiu como fator surpresa e arrepiou com sua versão do hino nacional.
No entanto, quando a OJESP do maestro Cláudio Cruz já conduzia sua exibição de maneira impecável, logo após ter recebido Lorenz Nasturica (violino) e Wilfried Strehle (viola) e Franz Bartolomey (violoncelo), a surpresa foi ainda maior: a chuva, que forçou plateia e instrumentistas descerem às pressas para versão coberta do teatro.
Após uma breve pausa e o cancelamento da participação de Maciej Pikulski, que teve seu piano molhado, os organizadores aderiram o bom-humor, a apresentação foi retomada e, o melhor, a chuva parou. Neste caso, o imprevisto só serviu para inaugurar o teatro por inteiro – um espetáculo a parte, como a voz da soprano Julia Thornton.
Dentro do imenso teatro, a exibição da OJESP pode ter perdido a lua cheia de cenário, mas ganhou em acústica, e a noite foi fechada com chave de ouro, com direito a solos de flauta (de Benoit Fromanger), de trompa (de Radek Baborak), “bis” , longínquos aplausos, gritos e tudo mais. De fato, uma noite para eles seria pouco.
Isso porque, neste domingo – seja embaixo ou em cima -, a OJESP de Cláudio Cruz volta ao palco para receber mais uma série de ilustres convidados na noite “Tzigane”, enquanto a programação, que inclui aulas de música (Masterclasses) com solistas internacionais e aulas de iniciação em escolas publicas, vai até o próximo domingo. EFE
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