Figurinista da Globo acusa José Mayer de assédio: “senti nojo”
A figurinista da TV Globo, Susllem Meneguzzi Tonani contou a coluna #AgoraÉQueSãoElas, do jornal Folha de S. Paulo, que o ator José Mayer a assediou dentro de um camarim na emissora, em fevereiro deste ano.
A jovem de 28 anos fez um texto, que foi excluído poucas horas depois, por não ter dado direito ao artista de se manifestar, e republicado posteriormente, onde revela o constrangimento que passou com o machismo do veterano de 67 anos. Ela conta que duas mulheres viram a cena, mas não fizeram nada além de rir da situação.
“Em fevereiro de 2017, dentro do camarim da empresa, na presença de outras duas mulheres, esse ator, branco, rico, de 67 anos, que fez fama como garanhão, colocou a mão esquerda na minha genitália. Sim, ele colocou a mão na minha buceta e ainda disse que esse era seu desejo antigo. Elas? Elas, que poderiam estar eu meu lugar, não ficaram constrangidas. Chegaram até a rir de sua ‘piada’. Eu? Eu me vi só, desprotegida, encurralada, ridicularizada, inferiorizada, invisível. Senti desespero, nojo, arrependimento de estar ali. Não havia cumplicidade, sororidade”, relatou.
Após o assédio, Su explicou sobre a dificuldade de ter que encontrar com o ator novamente. Segundo ela, Mayer não se importou quando, no meio de 30 pessoas, ameaçou tocá-la de novo, além de chama-la de “vaca”.
“Nos próximos dias, fui trabalhar rezando para não encontra-lo. Tentando driblar sua presença para poder seguir. O trabalho dos meus sonhos tinha virado um pesadelo. E para me segurar eu imaginava que, depois da mão na buceta, nada de pior poderia acontecer. Aquilo já era de longe a coisa mais distante da sanidade que eu tinha vivido”, contou.
“Até que nos vimos, ele e eu, num set de filmagem com 30 pessoas. Ele no centro, sob os refletores, no cenário, câmeras apontadas para si, prestes a dizer seu texto de protagonista. Neste momento, sem medo, ameaçou me tocar novamente se eu continuasse a não falar com ele. E eu não silenciei. “VACA”, ele gritou. Para quem quisesse ouvir. Não teve medo. E por que teria, mesmo?”, questiona.
Sabendo da importância de relatar um caso de assédio como esse, a figurinista afirma que quis mostrar que casos como esse acontecem com frequência no meio onde trabalha e que é um crime. Ela quer que as pessoas se sintam com o estômago embrulhado por muito tempo.
“Falo em meu nome e acuso o nome dele para que fique claro, que não haja dúvidas. Para que não seja mais fofoca. Que entendam que é abusivo, é antigo, não é brincadeira, é coronelismo, é machismo, é errado. É crime. Entendam que não irei me calar e me afastar por medo. Digo isso a ele e a todos e todas que, como ele, homem ou mulher, pensem diferente. Que entendam que não passarão. E o que o meu assédio não vai ser embrulho de peixe. Vai é embrulhar o estômago de todos vocês por muito, muito tempo”, finaliza.
Em comunicado enviado a Jovem Pan Online, a Rede Globo disse que repudia qualquer forma de desrespeito, violência ou preconceito e que o fato está sendo apurado com rigor. Confira a nota na integra:
“Globo repudia toda e qualquer forma de desrespeito, violência ou preconceito. E zela para que as relações entre funcionários e colaboradores da emissora se deem em um ambiente de harmonia e colaboração, de acordo com o Código de Ética e Conduta do Grupo Globo. Todas as questões são apuradas com rigor, ouvidos todos os envolvidos, em busca da verdade. Desta forma e tendo o respeito como um valor inegociável da empresa, esse assunto foi apurado e as medidas necessárias estão sendo tomadas. A Globo não comenta assuntos internos”.
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