“Foi a filmagem mais difícil da minha vida”, diz Leo DiCaprio sobre “O Regresso”

  • Por Efe
  • 19/12/2015 19h36

Leonardo DiCaprio no filme "O Regresso" Reprodução Leonardo DiCaprio no filme "O Regresso"

Leonardo DiCaprio não consegue esconder seu orgulho ao falar de “O Regresso”, filme do diretor mexicano Alejandro González Iñárritu que considera “uma obra de arte” e com o qual parte como favorito para conquistar o Oscar de melhor ator. “Não vou esconder que foi a filmagem mais difícil da minha vida, mas no final teve sua recompensa porque González Iñárritu traduziu esse esforço em uma obra de arte”, disse DiCaprio em entrevista à Agência Efe.

“Embarcamos em uma viagem existencial em plena natureza e nos exigimos até o limite de nossas forças. Estávamos ali por uma razão e acredito que o espectador vai se emocionar incrivelmente com esta história. É algo realmente original. Já não se fazem filmes assim”, declarou o ator de 41 anos.

O filme, baseado em fatos reais, narra a história de Hugh Glass (DiCaprio), um reconhecido explorador que foi atacado por um urso e abandonado por seus companheiros de expedição, mas cujo desejo de vingança lhe leva a sobreviver e empreender uma odisseia de centenas de quilômetros para encontrar os homens que o traíram. Para isso, Glass deverá recuperar-se milagrosamente de seus ferimentos, superar um brutal inverno e evitar confrontos com as tribos de índios americanos que povoam a região do oeste americano no início do século XIX.

“Sabia perfeitamente que tipo de cineasta era Alejandro. É alguém incrivelmente amável, cortês e colaborador que procura fazer o melhor filme possível e que leva em conta todos os elementos para que o espectador viva uma autêntica imersão quando entre no cinema”, explicou DiCaprio. Nos meses prévios à estreia, foram vários os testemunhos que qualificaram a produção como “um inferno” e “um pesadelo” pela dureza das condições climatológicas nas quais aconteceu a filmagem, que provocaram demissões e desistências.

Além disso, o filme, que estreia no próximo dia 8 de janeiro nos Estados Unidos e chega ao Brasil em fevereiro, foi rodado apenas com luz natural – um maravilhoso trabalho do diretor de fotografia mexicano Emmanuel Lubezki – e foi preciso deslocar a equipe do Canadá até a Patagônia argentina na busca da neve necessária para rodar o trecho final.

“Logicamente, González Iñárritu protege sua visão. Luta de forma incessante para conseguir o que quer e para conseguir a autenticidade a qualquer preço”, declarou um DiCaprio que assegura que o diretor mexicano possui “as melhores virtudes dos maiores cineastas” com os quais trabalhou, entre eles Martin Scorsese. “Queria trabalhar com Alejandro. É alguém que respeito enormemente. As pessoas, e isto ocorre com muito poucos diretores, veem seu cinema não por seu espetáculo, mas por sua arte. Assim como o de Scorsese”, comparou o quatro vezes indicado ao Oscar.

DiCaprio indicou que González Iñárritu possui um “vasto conhecimento” da história do cinema e que tenta pintar “um quadro” com cada um de seus filmes. “Tem pinturas muito específicas, tem clara a paleta que quer empregar e o quadro que vai usar. E é implacável e inflexível na hora de conseguir o que procura”, acrescentou.

No coração da história aparece a relação de Glass com seu filho, fruto de uma relação com uma índia da tribo dos Pawnee, que será fundamental para a sobrevivência do personagem em condições tão extremas. “É uma pessoa de quem tiraram absolutamente tudo e que necessita encontrar certo desejo espiritual e existencial para seguir lutando. Contar isso quase sem diálogos foi muito interessante para mim”, sustentou o ator.

Após o horrível ataque que seu personagem sofre nos primeiros 30 minutos do filme, DiCaprio se fecha em si mesmo e oferece uma interpretação na qual transmite tudo através de seus olhos e sua expressividade, no polo oposto do histrionismo de seu Jordan Belfort de “O Lobo de Wall Street”. “Foi um desafio”, afirmou. “Às vezes você chega mais ao público com os silêncios”, acrescentou DiCaprio, para quem alguns de seus momentos favoritos na história do cinema são assim, sem palavras envolvidas.

“Reagir perante o que tem diante de si. Isso e fazer com que um silêncio diga mais que mil palavras. Me pus esses objetivos. Foi uma experiência muito instintiva”, completou. Após trabalhar com diretores como Scorsese, Steven Spielberg, Christopher Nolan, Quentin Tarantino, Clint Eastwood, Sam Mendes, James Cameron e o próprio González Iñárritu, DiCaprio descarta por enquanto a possibilidade de dirigir algum dia.

“Demoraria muito para estar a sua altura”, comentou entre risos, antes de acrescentar que ainda tem desejo profissional: trabalhar em um longa-metragem com Scorsese e Robert De Niro, a quem considera o “melhor ator vivo. Se tivesse essa oportunidade, eu a agarraria na hora”, concluiu.

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