Harvey Weinstein, o produtor estrela de Hollywood
Mario Villar.
Nova York, 18 abr (EFE).- Se uma autobiografia pudesse descrever o que foi Hollywood nas últimas três décadas, seguramente seria a de Harvey Weinstein. Mas faltando esse livro, boas são as pinceladas que o produtor nova-iorquino deixou neste sábado durante uma conversa no Festival de Tribeca.
Em pouco mais de uma hora, Weinstein contou ao público como se apaixonou pelo cinemaao assistir “Os Incompreendidos” de Truffaut, como decidiu produzir “Gênio Indomável” e os problemas técnicos que está enfrentando durante as filmagens de Quentin Tarantino.
Também relembrou momentos de todo tipo na indústria e refletiu sobre o futuro. Mas, sobretudo, deixou claro seu papel de padrinho do Hollywood de hoje.
Weinstein começou sua carreira no cinema mais artístico, nos anos 90 levou a cena independente ao topo e, há anos, é uma das pessoas que movimenta os fios da indústria cinematográfica americana, primeiro desde a Miramax – a produtora que fundou junto com seu irmão Bob e que depois vendeu para a Disney – e agora desde a Weinstein Company.
Mas ele garantiu que quase tudo se deve a Tarantino: “Quentin é o pilar”, explicou o produtor, para quem o de filmes como “Pulp Fiction” e a “lealdade” do diretor foram fundamentais para o crescimento da Miramax e para o sucesso de seu novo projeto.
Por isso, dá a ele total liberdade, embora isso signifique quebrar a cabeça como estão fazendo este ano nas filmagens de “The Hateful Eight”, o novo projeto do diretor de “Kill Bill”.
“Estamos rodando em 70 milímetros e ele não está fazendo concessões. Portanto não usamos canhões de neve, usamos neve”, disse Weinstein, que afirmou que o filme será algo “especial, inteligente e arriscado”.
Weinstein acertou no milhar ao apostar em Tarantino no começo da década de 90, mas obviamente não foi só questão de sorte, como mostra sua carreira, que deu chances ao cinema alternativo e levou ao grande público vários dos grandes talentos da atualidade.
Steven Soderbergh, Gus Van Sant, Robert Rodríguez, Anthony Minghella e Kevin Smith, todos triunfaram pelas mãos de Weinstein, que tem em seu currículo títulos como “Shakespeare Apaixonado”, “O Paciente Inglês”, “Chicago” e “O Discurso do Rei”.
Entre os filmes que o levaram ao topo também está “Gênio Indomável”, escrito por Ben Affleck e Matt Damon, que, garantiu, conseguiu por ter sido o único produtor que leu o roteiro inteiro.
Affleck e Damon incluíram uma cena de sexo oral entre os dois personagens principais, que tinha como único objetivo saber se as pessoas realmente liam toda a história. Weinstein foi o primeiro que perguntou sobre essa cena, o que os convenceu a assinar com a Miramax.
Essa capacidade para detectar antes de qualquer pessoa projetos que agradem a crítica e o público levou Weinstein a investir em filmes tão arriscados como o francês “O Artista”, longa mudo e em preto e branco que ganhou o Oscar de melhor filme em 2011.
Além de seu bom olho, o que diferencia Weinstein de outros grandes produtores é seu afeto pelos focos. Enquanto a maioria prefere um discreto segundo plano, o nova-iorquino se caracterizou por um forte perfil público, seja criticando a Academia, discutindo com colegas ou fazendo campanha por candidatos democratas.
Tudo isso, naturalmente, também o fez ganhar muitos críticos, que recriminam frequentemente suas técnicas negociadoras, sua tesouradas em alguns filmes e seu lendário gênio ruim.
Vale a pena tanta exposição? “Não tem muitas vantagens. Você consegue reservas em restaurantes fantásticos, essa é a vantagem. O resto são inconvenientes”, garantiu.EFE
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