Hiper-realismo “solitário e deprimido” de Ron Mueck desembarca no Rio
Rio de Janeiro, 19 mar (EFE).- As esculturas hiper-realistas do australiano Ron Mueck desembarcaram no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM) com o tradicional estilo “solitário e um pouco deprimido”, como define o presidente do centro cultural, Carlos Alberto Gouvêa.
A exposição, intitulada “Ron Mueck” e que será inaugurada nesta quarta-feira, chega ao Rio de Janeiro após um êxito sem comparações em Buenos Aires, onde as obras do australiano desembarcaram pela primeira vez na América Latina, e permanecerá na cidade brasileira até o próximo dia 1 de junho.
Antes de chegar à América Latina, a exposição também alcançou um êxito sem precedentes na Fundação Cartier de Paris, onde mais de 300 mil pessoas foram até a galeria francesa para admirar a arte de Mueck.
“Eu acho que a resposta do público vai a ser excelente também (no Rio de Janeiro), esperamos uma média de quase três mil pessoas por dia e entre 200 mil e 250 mil visitantes no total”, comentou Gouveia à Agência EFE.
Na exposição, cada detalhe é medido milimetricamente para gerar no visitante a sensação de precisão procurada pelo artista.
Desde a “Young Couple” (Casal jovem) até os idosos deitados sobre um guarda-sol na escultura “Couple Under an Umbrella”, os cariocas poderão se fascinar com o nível de realismo alcançado por Mueck.
Rugas, galhos de árvore e a expressões no rosto mostram um detalhismo precioso que surpreenderá os visitantes.
“A primeira impressão é ficar surpreso com os mínimos detalhes, mas depois você observa direito e vê outras qualidades como a leitura da obra e que todas têm alguma história relacionada com ele -Mueck-. Você percebe que ele é uma pessoa um pouco solitária e deprimida”, resume Gouvêa.
O conjunto de nove obras enchem o espaço do MAM. Entre elas, o olhar do visitante não pode deixar de admirar o autorretrato que o artista australiano fez na escultura “Mask II” (Máscara II).
Mueck se representa dormindo, estado no qual, segundo assegura, cria suas próprias obras.
Dentre essas obras, três foram criadas exclusivamente para a exposição e são, na opinião de Gouvêa, “os trabalhos de um artista único. Ele é ele e as obras são impressionantes”.
A principal diferença entre a exposição no Rio de Janeiro e as duas precedentes em Paris e Buenos Aires está no espaço expositivo, já que o MAM conta com grandes espaços que permitem ter uma visão global da mostra.
Neste sentido, Gouvêa assegurou à Agência EFE que “os comissários estão encantados” ao oferecer ao MAM a possibilidade de ver ao mesmo tempo até seis obras que “estão respirando” graças ao espaço que têm a seu redor.
Mueck, residente em Londres, onde trabalha em um estúdio com um grupo de colaboradores muito próximos, utiliza resinas, fibra de vidro, silicone e pintura acrílica para dar uma aparência real a suas esculturas.
A exposição é complementada com um documentário inédito “Still Life: Ron Mueck at Work”, que foi produzido para a exposição original na Fundação Cartier. EFE
gdl/ff
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.