“Hollywood” do deserto marroquino, Uarzazate quer recuperar o brilho
Fatima Zohra Bouaziz.
Uarzazate (Marrocos), 23 ago (EFE).- A cidade de Uarzazate, centro de grandes superproduções de Hollywood, começa a sair de sua decadência graças às novas séries e filmes que apostam de novo nas grandiosas paisagens do Atlas marroquino.
Situada no sul de Marrakech, entre o Grande Altas e o Anti-Atlas, Uarzazate atraiu em seus anos dourados grandes produções da tamanho de “Lawrence da Arábia” (1962), “A Joia do Nilo” (1985), “Kundun” (1997), “Gladiador” (2000), e “Babel” (2005), entre algumas das mais célebres.
Mas esta “meca do cinema africano” sofreu nos últimos anos um recesso que foi dramático para uma cidade que vivia marcada pela atividade cinematográfica e o turismo.
“Os últimos três anos (2011-2013) foram de crise, quase não encontrávamos trabalho, totalmente contrário do que a década anterior”, conta Youssef Marchuki, um jovem especialista em cenas de ação, que neste ano voltou a ter ofertas de emprego.
Para Marchuki, que estreou em “Cruzada” (2005) e mais tarde trabalhou em “Rede de Mentiras” (2008) e que ao mesmo tempo colabora como técnico em canais de televisão, em Uarzazate sempre haverá algum morador vinculado com o cinema.
Como Marchuki, outras pessoas mostram seu otimismo perante as boas perspectivas que são apresentadas desde o começo de 2014.
“Há um retorno da confiança na área como destino cinematográfico”, explicou Abderazak Zitouni, presidente de Uarzazate Films Commission, que acrescentou que, nos primeiros sete meses de 2014, 12 produções estrangeiras foram rodadas nestes estúdios.
O Atlas Corporation Studios, o maior estúdio de filmagem dos dois existentes em Uarzazate, começou a restaurar e já tem novos projetos como, por exemplo, a esperada rodagem a partir de setembro da série “King Tut”, com Ben Kinsley como protagonista, e a nova série de filmes do Batman.
Apesar de a crise de produções começar a desaparecer neste ano, após uma recessão atribuível, segundo os operários locais, à crise econômica mundial e às revoluções da “primavera árabe”, a área sofre problemas estruturais que minaram sua nova “decolagem”.
Além da luz e das paisagens variadas, “é preciso todo o complexo de uma indústria cinematográfica”, explica Zubir Bouhout, presidente do conselho regional de turismo em Uarzazate.
Para fazer frente à crescente concorrência de outros destinos como a Jordânia e alguns países da Europa central, Bouhout propõe desenvolver as fases de pré-produção e pós-produção para oferecer um “pacote completo” que encoraje o produtor estrangeiro.
Zitouni, o presidente da Uarzazate Films Commission, e outros profissionais do setor apostam em instalar o chamado “one stop shop”, uma espécie de grande estúdio com uma sofisticada oferta de rodagem para as produções estrangeiras e que seja ao mesmo tempo um parque de lazer.
A realidade é que as grandes produções chegam com quase todo o pessoal especializado, e buscam no Marrocos pouco mais do que “dublês” para determinadas cenas e operários para tarefas básicas.
Outra desvantagem é tarifária: os profissionais lamentam que em regiões como os Emirados Árabes são oferecidos incentivos fiscais para os produtores, algo que não há no Marrocos.
Também faltam na cidade inclusive salas de cinema, não só para o público, mas também para os produtores, que necessitam ver seu produto bruto antes de introduzir algumas mudanças, tarefa que atualmente precisam fazer fora da cidade.
Uarzazate quer ser vista como “Hollywood” da África, mas ainda faltam muitas coisas para alcançar esse sonho. EFE
fzb/ff-rsd
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.