“Ida” é favorito, mas “Relatos Selvagens” pode surpreender no Oscar deste ano

  • Por EFE
  • 20/02/2015 15h46
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Filme "Ida" é o favorito ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro

Divulgação Filme "Ida"

Los Angeles (EUA), 20 fev (EFE).- O filme polonês “Ida” é o grande favorito a vencer a categoria de melhor filme estrangeiro na 87ª edição do Oscar, na qual o argentino “Relatos Selvagens” pode ser uma grande surpresa, assim como foi “O Segredo dos Seus Olhos” em 2010.

“IDA” (Polônia).

O longa-metragem do diretor Pawel Pawlikowski é o único dos cinco candidatos nesta categoria que possui mais de uma indicação ao Oscar. Além de filme estrangeiro, “Ida” disputa o prêmio de melhor fotografia.

A produção conta a história de uma noviça que, antes fazer seus votos, faz uma viagem para descobrir o passado de sua família através de sua tia, em uma fria Polônia comunista da década de 1960, onde as feridas causadas pela invasão nazista durante a Segunda Guerra Mundial ainda estão abertas.

“Ida” foi rodado totalmente em preto e branco, com enquadramentos pouco ortodoxos. Venceu no Bafta, no Goya, e na premiação da Academia Europeia de Cinema, onde conseguiu as estatuetas de melhor filme, diretor, roteiro (Rebecca Lenkiewicz), fotografia (Lukasz Zal e Ryszard Lenczewski), e a condecoração concedida pelo público.

Essa é a décima vez que uma produção polonesa fica entre os cinco indicados ao Oscar na categoria de melhor filme em língua estrangeira, apesar de o país ainda não ter conquistado o prêmio.

O último representante da Polônia na competição foi “In Darkness” (2011), de Agnieszka Holland, na cerimônia de 2012. Essa lista se completa com “Katyn” (2007), “O Homem de Ferro” (1981), “As Senhoritas de Wilko” (1979) e “Terra Prometida” (1975), todos dirigidos por Andrzej Wajda; e “A Faca na Água” (1962), de Roman Polanski, “Noce i dnie” (1975), de Jerzy Antczak, “Potop” (1974), de Jerzy Hoffman e “Faraó” (1966), de Jerzy Kawalerowicz.

“RELATOS SELVAGENS” (Argentina).

O filme “Relatos Selvagens”, dirigido por Damián Szifrón, também disputa a categoria de melhor filme estrangeiro, a mesma que há cinco anos “O Segredo dos Seus Olhos”, de Juan José Campanella, venceu.

O ano de 2010 foi o último em que uma obra latino-americana ganhou a estatueta e os paralelismos entre ambos os casos são mais do que significativos. Naquela ocasião, da mesma forma que agora, a produção tinha Ricardo Darín como um de seus protagonistas e financiamento espanhol.

Além disso, nenhum dos dois filmes chegou à semana do Oscar como favorito a levar o prêmio. Em 2010, tudo indicava que o candidato alemão, “A Fita Branca”, do austríaco Michael Haneke, ganhador da Palma de Ouro do Festival de Cannes e também candidato ao Oscar de melhor fotografia, seria o vencedor.

Em 2015, esse tom de favoritismo recai sobre “Ida”, que assim como “A Fita Branca” foi indicado ao Oscar de melhor fotografia. Os dois foram rodados em preto e branco e contam histórias que se passam em cenários bélicos da Europa na primeira metade do século XX.

“Relatos Selvagens”, que acaba de ganhar como melhor filme ibero-americano no Goya, é composto de seis histórias independentes, mas com um ponto em comum: a reação extrema que qualquer pessoa pode ter diante de uma situação cotidiana.

Além de Darín, Leonardo Sbaraglia, Darío Grandinetti, Érica Rivas, Rita Cortese, María Marull, Oscar Martínez e Julieta Zylberberg são alguns dos nomes que compõem o elenco.

Coproduzido pela argentina Kramer & Sigman Films e pela espanhola El Deseo – dos irmãos Pedro e Agustín Almodóvar -, o filme estreou no último Festival de Cannes, onde teve grande recepção do público e do mercado cinematográfico.

Apesar de não ter conseguido premiação na seção oficial, saiu de Cannes com distribuição para Brasil, Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Escandinávia, Itália, França, Japão, países do leste europeu, além de toda a América Latina.

Em seu país de origem foi um fenômeno, com mais de 3,5 milhões de espectadores, e também conseguiu grande expressão em Uruguai, Chile, México, França e Espanha.

Até hoje, a Argentina possui duas estatuetas de melhor filme estrangeiro: “A História Oficial”, de Luis Puenzo, em 1986, e “O Segredo dos Seus Olhos”, em 2010.

Os outros quatro títulos que já disputaram o Oscar são: “La Tregua” (1974), de Sergio Renán; “Camila: O Símbolo de uma Mulher Apaixonada” (1984), de María Luisa Bemberg; “Tango” (1998), do espanhol Carlos Saura; e “O Filho da Noiva” (2001), de Campanella.

“LEVIATÔ (Rússia).

O diretor e roteirista Andrey Zvyagintsev, responsável por títulos como “O Retorno” (2003), que ganhou o Leão de Ouro no Festival de Cinema de Veneza, convenceu os acadêmicos de Hollywood com “Leviatã”, uma história universal focada em um homem correto que tenta não se envolver com o sistema corrupto.

O filme ganhou de “Ida” o Globo de Ouro como melhor filme estrangeiro e se apresenta como alternativa real ao favoritismo do filme polonês, junto a “Relatos Selvagens”. “Leviatã” recebeu ainda o prêmio de melhor roteiro no Festival de Cinema de Cannes e ganhou como melhor filme estrangeiro no Festival de Cinema de Palm Springs.

A única ocasião em que um filme russo ganhou um prêmio da Academia de Hollywood desde a dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) foi em 1995 com “O Sol Enganador” (1994).

O país disputou o prêmio também com “12” (2007) e “Urga – Uma Paixão no Fim do Mundo” (1991), ambos de Nikita Mikhalkov, além de “O Ladrão” (1997), de Pavel Chukhray, e “Prisioneiro das Montanhas” (1996), de Sergey Bodrov.

Entre 1969 e 1985 nove filmes feitos na URSS disputaram o Oscar e três deles levaram a estatueta: “Moscou não Acredita em Lágrimas” (1980), “Dersu Uzala” (1975) e “Guerra e Paz” (1966).

“MANDARIINID” (Estônia).

Pela primeira vez um filme da Estônia disputa a estatueta de melhor filme estrangeiro, uma produção que também conseguiu a indicação nessa categoria no Globo de Ouro.

“Mandariinid”, de Zaza Urushadze, é ambientado na Geórgia de 1992 em pleno conflito com os separatistas abkhazes, após a dissolução da URSS, e conta as desventuras de dois imigrantes estonianos que decidem ficar no país até que possam colher as tangerinas de sua plantação.

Foi o último dos cinco candidatos nesta categoria a conseguir distribuição nos Estados Unidos, graças a um acordo com a Samuel Goldwyn Films anunciado em 13 de fevereiro.

A produção estreou oficialmente no Festival de Cinema de Varsóvia em outubro de 2013 e passou por festivais em Israel, Alemanha, Sérvia, Lituânia e Estados Unidos.

“TIMBUKTU” (Mauritânia).

Valorizado por seus reconhecimentos no Festival de Cannes, onde participou da competição oficial pela Palma de Ouro, “Timbuktu” causou impacto por seu relato de ocupação da lendária cidade de Timbuktu, no deserto do Mali, pelos fundamentalistas islâmicos.

Entre junho de 2012, quando foi ocupada pelos jihadistas, e janeiro de 2013, quando foi libertada pelas tropas franco-malinesas, os habitantes de Timbuktu tentaram sobreviver à perseguição imposta com o novo cenário.

O filme é inspirado na história real de um casal que foi condenado por radicais religiosos a morrer apedrejado em Aguelhok, uma área rural ao norte do Mali, acusado de ter relações sexuais antes do casamento. O ato estimulou o diretor Abderrahmane Sissako, natural da Mauritânia, país na fronteira com o Mali, onde se passa o filme, a escrever a história e dirigi-la.

Da mesma forma que no caso estoniano, esta é a primeira vez que um filme da Mauritânia compete pela estatueta da Academia de Hollywood. “Timbuktu” estreou em Cannes e foi exibido em vários festivais na Europa, nos Estados Unidos e na Ásia.

A associação da imprensa estrangeira estabelecida na França, criadora do Prêmio Lumière declarou “Timbuktu” como melhor filme do ano e Sissako como melhor diretor na cerimônia realizada no último dia 2 de fevereiro em Paris.

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