Jovens aprendem sobre maracatu e ciranda na Bienal do Livro em Brasília
Poucas pessoas aceitam o desafio de prender, por 30 minutos, a atenção de adolescentes com uma simples contação de histórias, uma atividade de sucesso comprovado quando o público é formado por crianças.
A artista Cristiane de Souza sabe que a dificuldade com os jovens é maior e aumenta quando a proposta é passar informações fora das salas de aula, sem a obrigação das escolas. Ainda assim, junto com um grupo de atores do Paranoá, a cerca de meia hora do centro de Brasília, aceitou o desafio de apresentar uma ideia diferente na segunda edição da Bienal Brasil do Livro e da Leitura, que ocorre até o próximo dia 21, na Esplanada dos Ministérios.
Com a proposta de fazer um espetáculo intitulado Marinha do Coco para falar da cultura afro-brasileira com raízes em Pernambuco, o grupo Tamnoá, formado por jovens e adultos de comunidades do Paranoá e Itapoã, no Distrito Federal, conseguiu atrair um grande número de pessoas que, minutos antes da hora marcada, já formavam filas na Arena Jovem Jorge Amado, espaço montado na bienal para este público.
“Nem todos se interessam, mas, quando a gente mostra um pouco dessa cultura, chama a atenção deles. Em alguns momentos eles se distraem, mas, com os sons dos tambores e atabaques, as cores dos estandartes e a dança com muito bate-pé, eles voltam a se concentrar”, disse ela.
Segundo Cristiane, a proposta do grupo, formado em 2001, é resgatar parte da história cultural do país, mostrando manifestações como o maracatu de baque virado, o samba de coco e a ciranda. Para ela, a música facilita o elo com os mais jovens. “Nosso foco é a cultura popular e, além desse espetáculo, já trabalhamos com reciclagem para ensinar os jovens a construir instrumentos musicais a partir de material descartado. O mundo hoje tem muitas dificuldades, e um instrumento musical pode ajudar as pessoas”, disse a artista.
O teatro e a contação de histórias são alguns dos atrativos da bienal, que, desde sua abertura, no último dia 11, já atraiu mais de 110 mil visitantes. No local do evento, estão também expostos milhares de livros para todas as idades. Na manhã de hoje (17), os jovens eram maioria nas galerias de livros da bienal.
A estudante Steffany Ferreira da Silva, de 17 anos, disse que lê mais de sete livros por ano. Aluna do Centro de Ensino CF8 de Sobradinho, a 26 quilômetros do centro da capital, Steffany gosta de livros espíritas e de suspense. “Já li três da Zíbia Gasparetto [médium e escritora espiritualista], mas leio outros gêneros. Gosto muito. Quando a gente lê, imagina muita coisa.”
Steffany, que é líder de sala, disse que foi difícil escolher quais colegas fariam o passeio à bienal com ela. Como são várias turmas e é limitado o número de alunos por escola para as visitas à bienal, a estudante teria que selecionar dois colegas para ir com ela. “Acabaram vindo quatro da minha turma porque, depois que escolhi, um amigo de sala se interessou muito em vir”, contou.
Carlos Eduardo Souza Borges, o Cadu, foi quem convenceu a colega e a escola a abrir mais uma vaga para ele. O estudante de 14 anos foi à bienal com um objetivo diferente do de Steffany. “Eu gosto muito de história em quadrinhos e vi algumas edições novas. Gosto da Turma da Mônica, mas leio outras coisas também”, disse Cadu.
Os livros ficam expostos para venda na bienal até segunda-feira (21) e têm preços variados, além de muitas promoções. Até o feriado de segunda-feira, está previsto na bienal o lançamento de algumas publicações infantis e adultas, além de debates, seminários, espetáculos teatrais e contação de histórias.
Editor Nádia Franco
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