Jurados do Rio foram mais rigorosos no carnaval: 46% das notas foram 10; em São Paulo, índice ficou em 75%

  • Por Rafael Iglesias/Jovem Pan
  • 06/03/2019 19h50 - Atualizado em 06/03/2019 21h46
PAULO GUERETA/ESTADÃO CONTEÚDO Mangueira venceu o carnaval no Rio e Mancha Verde, em São Paulo

Os jurados do carnaval do Rio de Janeiro demonstraram ser mais rigorosos do que os de São Paulo, na comparação das notas apuradas nas cidades entre terça (6) e esta quarta-feira (6). Na disputa carioca, venceu a Mangueira – com histórias para ninar gente grande. O troféu paulistano ficou com a Mancha Verde e a história da avó de Zumbi dos Palmares.

As duas apurações tiveram 14 escolas de samba avaliadas por quatro jurados em nove quesitos: alegoria (que no Rio de Janeiro inclui ainda os adereços), bateria, comissão de frente, enredo, evolução, fantasia (que no Rio é regulamentado com o tópico no plural), harmonia, mestre-sala e porta-bandeira e samba-enredo.

A primeira apuração aconteceu em São Paulo, na terça, e teve a nota 10 em 75% do total de pontos atribuídos às agremiações. Isso significa que das 504 notas atribuídas em todos os quesitos (mesmo as descartadas), 378 foram 10. Nesta quarta, no Rio, essa média foi bem menor: 46% – ou 230 de 504 pontuações reveladas no sambódromo.

A segunda nota mais recorrente foi 9,9 (30% do total no Rio e 19% em São Paulo). Depois, 9,8 teve 18% da quantidade geral de pontos no Rio e apenas 5% em São Paulo, onde o resultado só foi concretizado no último quesito. Em terras cariocas, a Mangueira dominou a apuração desde o terceiro jurado do segundo quesito.

Notas mais baixas

A nota mais baixa de todo o carnaval foi registrada em São Paulo: Bianka Cappucci deu 9,5 em alegoria para a X-9 Paulistana. A segunda nota mais baixa também foi dela: 9,6 para a Acadêmicos do Tucuruvi no mesmo quesito. A X-9, que homenageou Arlindo Cruz, ficou em 10º lugar, e a Tucuruvi ficou em penúltimo, tendo sido rebaixada.

No Rio não houve 9,5, mas os jurados distribuíram três 9,6 para a Império Serrano, que foi rebaixada para a segunda divisão do samba, em último lugar. Madson Oliveira deu essa pontuação em alegorias e adereços; Alfredo Del-Penho, em samba-enredo; e Paulo Paradela, em fantasias. O tema foi “E a vida, e a vida o que é? Diga lá meu irmão!”.

Em “compensação”, enquanto os paulistanos tiveram sete notas 9,7, essa pontuação se repetiu 29 vezes no carnaval carioca (6% do total de notas) – 16 dessas vezes tiveram como alvo a Império Serrano, seguida pela Imperatriz Leopoldinense (quatro vezes), pela União da Ilha e pela Grande Rio (duas cada uma) e pela Beija-Flor de Nilópolis (uma).

Quesitos

Nenhum jurado desfilou na Unidos da Generosidade no Rio de Janeiro, o grupo dos que distribuem 10 sem economia para todas as escolas de samba. Em São Paulo, contudo, sete dos 36 jurados optaram por essa pontuação. Isso aconteceu nos quesitos bateria, samba-enredo, mestre-sala e porta-bandeira e evolução (o que avalia “buracos” no desfile).

Em São Paulo, apenas uma nota foi diferente de 10 no quesito bateria (um 9,9 para a Colorado do Brás, que acabou na 11ª posição, garantindo vaga na elite em 2020. No Rio, esse também foi o quesito com maior quantidade de notas máximas 38 de 56. Houve ainda 13 notas 9,9 e, para tristeza dos mestres, cinco pontuações em 9,8.

O maior rigor, no Rio de Janeiro, foi verificado no quesito comissão de frente: apenas 17 notas 10. Samba-enredo aparece em “segundo lugar”, com apenas 20 pontuações máximas. No sambódromo do Anhembi, na zona note paulistana, houve maior rigor em alegoria (24 notas 10 entre 56 possíveis) e comissão de frente (29 notas 10).

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