Morre o escritor chileno Luis Sepúlveda, vítima de Covid-19
O escritor, roteirista e diretor de cinema chileno Luis Sepúlveda morreu nesta quinta-feira (16), aos 70 anos, em um hospital na cidade de Oviedo, no norte da Espanha, onde estava internado em estado grave desde 29 de fevereiro, por causa de uma pneumonia associada ao novo coronavírus.
O romancista passou a maior parte dos 48 dias em que esteve internado ligado a um aparelho de respiração artificial, na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Universitario Central das Astúrias.
O estado de saúde do autor de “O Velho Que Lia Romances de Amor” apresentou piora nas últimas semanas, e Sepúlveda já não respondia mais aos tratamentos da equipe médica. A pneumonia inicial foi somada a outros comprometimentos aos órgãos vitais.
A família do chileno divulgou um comunicado, assinado pela mulher do escritor, Carmen Yáñez, e pelo filho mais velho do casal, Carlos, em que agradecem à equipe médica do hospital pelo “profissionalismo e entrega” e a todos que fizeram demonstração de carinho nos últimos dias.
Sepúlveda começou a se sentir mal em 25 de fevereiro, dias depois de ter participado de um festival literário em Póvoa de Varzim, no norte de Portugal, em que também estiveram presentes centenas de pessoas de diversos países.
Após ser diagnosticado com pneumonia em um hospital privado e dar positivo para Covid-19, o escritor foi encaminhado para uma área de isolamento do Hospital Universitario Central das Astúrias em 29 de fevereiro, junto com a esposa, que também apresentava quadro febril.
Apesar dos sintomas, que não se agravaram, a mulher de Sepúlveda deu negativo em testes de diagnóstico para o novo coronavírus.
Carreira
O chileno ficou conhecido internacionalmente em 1988, com a publicação de “O Velho Que Lia Romances de Amor”. Ele vivia desde 1997 na cidade de Gijón, onde foi o idealizador e diretor do Salão do Livro Iberoamericano.
Militante comunista, o escritor precisou deixar Chile em 1977, durante a ditadura militar comandada por Augusto Pinochet, em que foi condenado a 28 anos de prisão, em pena trocada por oito anos de exílio.
Antes de se estabelecer na Espanha, viajou por países como Nicarágua e Suécia, se estabeleceu em Hamburgo, na Alemanha, onde atuou como correspondente jornalístico e escreveu alguma de suas obras.
Com “O Velho Que Lia Romances de Amor”, recebeu diversos prêmios internacionais e tornou-se autor de referência em universidades de língua espanhola. Além disso, a obra foi traduzida para 20 outros idiomas.
Outros livros de sucesso foram “Patagónia Express”, “Mundo do Fim do Mundo”, “As Rosas de Atacama”, “História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar”, entre outras.
Nos anos 2000, iniciou incursão no cinema, com participação como ator do filme italiano “Bibo per sempre”. Um ano depois, estreou como diretor em “Nowhere”, uma coprodução argentina, espanhola e italiana, de que também foi autor.
*Com EFE
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