Livreiro há quase 40 anos, Chiquinho se torna amigo de seus clientes

  • Por Agencia Brasil
  • 20/04/2014 20h22
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Piauiense é um dos personagens mais conhecidos da Universidade de Brasília e, apaixonado por livros, já chegou a ler durante 8 horas por dia (Ana Elisa Santana/Portal EBC)

Nascido na cidade de Picos, no Piauí, Francisco Joaquim de Carvalho hoje é um dos personagens que fazem parte da história de Brasília. Ele chegou à capital em 1969 para trabalhar como jornaleiro. Nas manchetes dos jornais que entregava, Chiquinho – como é conhecido por seus clientes – começou a ter contato com as palavras e a observar os interesses de cada um dos leitores.

Depois de anos entregando jornais, Chiquinho passou a trabalhar em livrarias até voltar à Universidade de Brasília – onde havia sido jornaleiro na década de 1970. Lá ele vendeu livros no Centro Acadêmico de Economia e até mesmo de mão em mão, carregando as obras embaixo do braço, até 1989, quando ganhou o espaço onde trabalha até hoje, na Ala Norte do Instituto Central de Ciências da universidade.

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Para Chiquinho, o trabalho de livreiro se tornou um pouco mais difícil com a chegada das novas tecnologias e da internet. Mas ele acredita que aos poucos os jovens devem voltar a ter gosto pelos livros de papel. “Na internet, pra mim, você está isolado. A solidão com a internet é uma coisa muito grande. É tanta modernidade e é nada, como diz Nietzsche, é todos e é ninguém”, argumenta. Ele defende que haja estímulo para a leitura de livros clássicos, hoje esquecidos por parte dos universitários.

Sua relação com os livros é intensa: já chegou a ler durante oito horas por dia. Entre os gêneros, ele aponta as biografias como preferidas. “As mais bonitas que eu já li foram a do Van Gogh e a do Jean-Paul Sartre”, enumera. Em sua profissão, Chiquinho busca criar laços de amizade com cada um dos clientes. Para ficar atualizado e atender a cada um, ele lê resenhas nos jornais e sempre conversa com estudantes e professores. “Como diz o Zygmunt Bauman, em tempos líquidos, instantâneos, rápidos, as pessoas não têm paciência. Quando a gente acerta, as pessoas ficam muito felizes, e recomendam a gente pra outras pessoas. Isso é uma coisa muito importante, essa forma de reconhecimento”, comemora.

Na II Bienal Brasil do Livro e da Leitura, realizada desde 11 de abril em Brasília, Chiquinho montou um estande de sua livraria e promoveu diversos lançamentos de livros, e até mesmo uma noite de autógrafos com o escritor moçambicano Mia Couto. Mas o que mais movimentou o espaço foram as visitas de ex-alunos da UnB.  “Aqui na bienal, os meus maiores clientes são o povo da universidade. A solidariedade, a amizade têm um valor inestimável. Vocês da universidade são meu tesouro”, declara.

Assista à entrevista completa com Chiquinho:
 

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