Livro da poeta brasileira Marília Garcia é escolhido o melhor da língua portuguesa em 2018

  • Por Jovem Pan
  • 07/12/2018 21h43
Reprodução/Youtube Escritora tem 39 anos e nasceu no Rio de Janeiro

O livro “Câmera Lenta”, da poeta brasileira Marília Garcia, foi eleito a melhor obra escrita por um autor de língua portuguesa em 2018. A categoria é a mais importante do Prêmio Oceanos 2018, um dos mais importantes da literatura lusófona. Com essa vitória, a escritora carioca receberá R$ 100 mil.

Publicado pela Companhia das Letras, o livro de 104 páginas mostra Marília, de 39 anos, se dedicando a uma profunda análise sobre hélices de avião e a vontade de decifrá-las. O objetivo é fazer uma experimentação da poesia, por meio de um exercício de pensamento e a aplicação de procedimentos inéditos.

Premiados

O segundo lugar na categoria ficou com o romance “Hoje estarás comigo no paraíso”, do português Bruno Vieira do Amaral. Em terceiro lugar, ficou o poeta e também português Luis Quintais – ele é autor de “A noite imóvel”. A quarta posição ficou com o moçambicado Luis Carlos Patraquim, que escreveu poemas em “O Deus Restante”.

O anúncio foi feito nesta sexta, no Palácio da Ajuda, em Portugal. Concorreram obras escritas em português de todo o mundo. No total, 1.364 obras foram inscritas (149 a mais que em 2017). Obras poéticas lideraram os registros, com 576 títulos (42%), seguidas por romances, com 483 (35%), contos (15%), crônicas (5%) e dramaturgia (1,5%).

O júri foi composto por Ana Paula Tavares (Angola), Daniel Munduruku, Flora Sussekind, Heitor Ferraz e Julián Fuks (Brasil), Helena Buesco, Maria João Cantinho e Pedro Mexia (Portugal). A curadoria ficou por conta da portuguesa Isabel Lucas e dos brasileiros Selma Caetano, Mirna Queiroz e Manuel da Costa Pinto.

Conheça os 10 finalistas do Prêmio Oceanos 2018

  • Hoje Estarás Comigo no Paraíso, de Bruno Vieira Amaral (romance de Portugal);
  • As Pessoas do Drama, de H. G. Cancela (romance de Portugal);
  • Pai, Pai, de João Silvério Trevisan (romance do Brasil);
  • O Deus Restante, de Luis Carlos Patraquim (poesia de Moçambique);
  • A Noite imóvel, de Luís Quintais (poesia de Portugal);
  • Câmera Lenta, de Marília Garcia (poesia do Brasil);
  • Vácuos, de Mbate Pedro (poesia de Moçambique);
  • A noite da espera, de Milton Hatoum (romance do Brasil);
  • Antiboi, de Ricardo Aleixo (poesia do Brasil);
  • Anjo noturno, de Sérgio Sant’anna (contos do Brasil).

Leia trecho de ‘Câmera Lenta’

— vocês estão ouvindo?
um som infernal
estrelas caindo do céu
em cima da cabeça
com as pontas viradas
para baixo.
o som está cada vez mais perto,
posso encostar a mão
se me viro vejo a sombra
em câmera lenta
sobre a cabeça.

imaginem que isso aqui é um quadrado
com drones volantes,
ou uma cena congelada
com o céu cheio de zepelins,
mas o som é um só:
barulho de máquinas
voadoras
pelo céu.

se a gente prestar atenção e fizer silêncio
— se a gente prestar atenção e fizer
silêncio —
pode ser que ouça
alguma mensagem
perdida no ar.

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