“Losing Shalit”: o segundo filme rodado na Gaza do Hamas

  • Por Agencia EFE
  • 03/03/2014 07h43
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Saud Abu Ramadan.

Gaza, 3 mar (EFE).- Um ator amador, um sequestro que gerou expectativa na sociedade israelense por mais de cinco anos e milhares de dólares em uma região empobrecida pelo cerco do exército israelense desde 2007. Esses são os elementos do novo filme produzido em Gaza.

Intitulada “Losing Shalit” (ou “Perdendo Shalit”, em tradução lilvre), a versão épica do resgate do soldado israelense Gilad Shalit em junho de 2006 será o segundo longa-metragem filmado em Gaza desde que o Hamas assumiu o poder em 2007.

Mahmoud Karira, um ator palestino amador, será o protagonista de uma trilogia de 90 minutos que aborda a ação de comando das Brigadas Izz ad-Din al-Qassam, braço armado do movimento islamita. A primeira parte está prevista para estrear em quatro meses.

As brigadas, junto a outras duas facções armadas de Gaza, capturaram Shalit durante uma complexa operação contra uma base do exército israelense próxima à fronteira com a Faixa, onde chegaram através de um túnel subterrâneo.

“No começo, tinha vergonha de todo mundo me chamando de Shalit em vez me chamar pelo nome, Mahmoud, porque me pareço muito com ele”, explicou à Agência Efe Karira, que, uma vez dentro do papel, assegura ter se acostumado.

Mas, “quando me olho no espelho e me vejo tudo se transforma”, afirmou sobre sua caracterização como o uniformizado israelense.

Shalit, que ficou preso em um lugar secreto da Faixa durante mais de cinco anos, foi libertado em outubro de 2011 graças a uma troca conseguida sob mediação do Egito.

O longa-metragem inclui mais de 250 cenas gravadas em diferentes locações, explicou o diretor, Majid Jundiya.

“Ainda estamos gravando a primeira parte”, comentou Jundiya antes de dizer que o movimento islamita deve apresentá-la ao público em junho “para comemorar os oito anos do sequestro de Shalit”.

Uma das cenas principais mostra como sete milicianos armados andaram pelo túnel, enfrentam as forças israelenses, ficam em seu interior e sequestram o soldado israelense.

“Tenho que me parecer muito com Shalit, não só na aparência, mas também no seu comportamento. Quando os militantes o tiraram do tanque, ele parecia assustado, fraco e ferido”, afirmou Karira.

Arafat Balousha, que encarna o líder do comando islamita que dirigiu a operação, destacou que o trabalho foi duro e que exigiu muito dos atores, sobretudo do físico.

“Tivemos que treinar muitas horas, gravar um dia inteiro no túnel e repetir a cena em mais de duas ocasiões”, já que ficava difícil engatinhar e usar a arma no interior do túnel, contou.

“Descobri que fazer estas cenas é mais difícil do que o processo de sequestro de Shalit. Realmente, não sei como fizeram”, disse Balousha com um grande sorriso.

“Algumas locações eram muito próximas ao lugar onde os verdadeiros soldados israelenses podem aparecer. Era perigoso porque aviões de guerra israelenses podiam disparar, enquanto os atores usam armas e explosivos reais”, ressaltou o diretor.

A ambientação do filme foi possível graças à informação do próprio grupo islamita e outras milícias, além de documentários de televisões israelenses e reportagens sobre a captura e sequestro de Shalit.

Nas partes seguintes serão recriadas, igualmente, a situação dos prisioneiros palestinos e como eles eram torturados por oficiais dos serviços de inteligência israelense sob detenção.

Antes de concluir, Jundiya antecipou que o filme mostrará informações até então desconhecidas sobre um sequestro que durante mais de cinco anos angustiou o exército israelense, incapaz de descobrir onde estava o agora ex-soldado Shalit. EFE

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