Mais que trazer toque humano para a web, “Humans of São Paulo” cria círculo de ajuda
Uma multidão que caminha apressada pelas ruas de qualquer cidade grande pode parecer homogênea e até pouco humana. É fácil esquecer que cada indivíduo tem suas próprias preocupações, medos e traumas. Quando o fotógrafo Brandon Stanton decidiu oferecer a chance da internet ter um “pequeno vislumbre” da vida de completos estranhos, seu blog Humans of New York (HONY) fez um enorme sucesso. Assim surgiu a página no Facebook que apresenta o lado mais humano de pessoas desconhecidas e que serviu de inspiração para outros fotógrafos criarem suas próprias páginas com conteúdo local.
Como maior cidade brasileira, São Paulo não poderia deixar de ter sua própria página. O Humans of São Paulo (clique aqui para conferir) foi criado em maio de 2014 e atualmente, com 36 mil curtidas, é comandada por Bruna Fernandes e Luisa Moraleida. “Normalmente tiramos as fotos nos finais de semana, e quando sobra um tempinho, durante a semana também”, conta Bruna.
“Nós iniciamos o projeto inspirados na página HONY, e no começo, inclusive, tentávamos abordar as pessoas da mesma forma que o Brandon. Com o tempo fomos nos adaptando”, conta Bruna. Ela diz que a dupla faz a abordagem dos possíveis participantes de forma diferente e que não fazem necessariamente as mesmas perguntas que o fotógrafo americano.
A estudante de Midialogia conta que o que mais gosta no trabalho é ter a oportunidade de conhecer tantas pessoas diferentes e interessantes. Sua história favorita é a de uma jovem que perdeu a mãe vítima de câncer de mama, que cuida sozinha da irmã mais nova, e que sonha em estudar Artes Visuais. Quando a história da menina foi publicada na página, muitos ofereceram palavras de apoio e uma oportunidade de parceria até surgiu.
Esta é uma característica das páginas do “Humans of”: os haters que costumam rondar a internet com críticas e xingamentos parecem passar longe. Pelo contrário, os frequentadores da página acabam oferecendo palavras positivas e até uma ajuda mais direta. Na página de Nova York é comum que os internautas ofereçam doações para pessoas entrevistadas que contam que estão passando por dificuldade – apesar delas nunca pedirem.
Por trás das câmeras
Bruna explica como a abordagem das pessoas que passam na rua acontece. Afinal de contas, muitas delas acabam se abrindo com uma completa desconhecida e compartilham alguns pensamentos bastante pessoais. “Primeiramente, é preciso saber se a pessoa está com pressa, o que é comum em São Paulo. Depois é só explicar o que fazemos e ver com jeitinho se a pessoa está disposta a participar, ou seja, conversar conosco e tirar uma foto”, descreve. Ela conta que muitos nem param para conversar, mas que o número de pessoas que param é ainda maior. “Isso também me surpreendia no começo”, diz.
“Muitas têm vergonha e medo de se expor, o que é totamente compreensível, mas explicando direitinho o nosso projeto e começando com algumas perguntas mais simples, a conversa acaba fluindo”, explica.
Novidades
Bruna conta que o Humans of São Paulo deve ganhar novos participantes em 2015. “Faremos uma parceria com um outro projeto de histórias de São Paulo. Também começaremos a postar no Instagram. A ideia é expandir e inovar cada vez mais”, adianta Bruna.
Humans of New York
A página foi criada em novembro de 2010 pelo fotógrafo Brandon Stanton, que decidiu começar um projeto para fazer uma espécie de “catálogo” dos habitantes de Nova York. Sua intenção inicial era fotografar 10 mil pessoas. No meio do projeto, ele passou a também conversar com elas, e começou a publicar um pequeno trecho da entrevista como legenda da imagem. Hoje, a página tem mais de 12 milhões de curtidas de pessoas do mundo todo e já virou livro.
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