Mais uma vez favorita, Mocidade Alegre dá aula de história e show de paradinha
A sempre favorita Mocidade Alegre veio ao Carnaval 2016 de São Paulo buscando o título depois do segundo lugar em 2015 e do tricampeonato entre 2012 e 2014. Para isso, contou, por meio de seu desfile, a história do samba por meio de Ayo, uma divindade que representa o som.
A história, mais uma vez baseada nas crenças africanas, foi um show à parte. Na letra de “Ayo – A alma ancestral do samba”, a Mocidade conta que seu principal personagem foi libertado de um tambor por Xangô, o rei da justiça, e levado à Bahia por meio de Iansã, orixá que é deusa dos ventos. Uma vez no Brasil, Ayo, o próprio batuque, se espalhou pelo país e, por meio de Tia Ciata, no Rio de Janeiro, se transformou no samba.
Um dos destaques foi a musicalidade do samba-enredo, bastante atraente e empolgante. Para melhorar, a bateria fazia paradinhas, que mais pareciam “paradonas”, e deixava a escola cantando somente na voz, o que causou arrepios e levantou a plateia.
Cada carro representou uma parte da história. O primeiro carro, junto de uma comissão abre alas vermelha, representou Xangô, o libertador de Ayo. Outro, falou de Omolu, orixá da terra, que ajudou a enraizar o samba na cultura brasileira. O último setor, que fechou o desfile, falou do guerreiro Ogum, sincretizado com São Jorge, que dá a força para que o samba permaneça em nossas terras.
Nem tudo foi perfeito, entretanto. Um dos carros perdeu o controle na concentração e quase acertou o recuo da bateria. Funcionários da Liga das Escolas de Samba, da Mocidade e até da imprensa usaram os próprios braços para recolocar o carro na pista, o que conseguiram fazer com muito esforço, para alegria da torcida.
O problema com o carro foi praticamente a única mácula em uma apresentação marcante da Mocidade Alegre, mais uma vez favorita a levar o título do Carnaval de São Paulo. Se a escola levará o título, só será sabido depois. A certeza é que, mais uma vez, o trabalho foi concluído com muito sucesso e muita beleza.
Ayo – A alma ancestral do samba
Ôôôô… É a força de Ayo
No Ylê da Mocidade o samba chegou!
Ecoa o batuque do tambor
Kaô, Kaô meu pai Xangô
Kaô, Kabecilê Xangô
Com seu oxé, o poder do trovão
Liberta a força que emana energia e vibração
O corpo balança, a pele arrepia
A alma revela, o som contagia
Oyá… Seus ventos que sopraram pelo ar… Eparrei Oyá!
Na revoada encontra o novo mundo
E matizado com as cores desse chão
Salve a negra herança viva da nação
O batuque vem da Bahia… Tem axé
Espalhado na magia que vem de Oxumaré
Na Praça Onze, um canto livre no ar
Abre a roda pro samba
Tia Ciata mandou chamar
Em cada canto, profano ou sagrado
É transformado pelas mãos de Omolú
“A Voz do Morro” sou eu mesmo, sim senhor!
“Pelo Telefone” o Brasil revelou: “Eu sou o samba!”
Com a luz e a proteção de Ogum Guerreiro
Sou a nobreza que invade os terreiros
Eternizado em cada coração
E quando cresci fiz escola
Sou raiz, tenho história
E o povo aclamou
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