Mercados de Roma exibem intimidade de comidas familiares italianas

  • Por Agencia EFE
  • 01/12/2014 07h29

María Salas Oraá.

Roma, 1 dez (EFE).- Quatro mercados de Roma, buliçosos cenários do modo de vida na capital, acolhem desde a última sexta-feira uma série de exposições fotográficas que ilustram a evolução da gastronomia do país, emblema da cultura italiana.

Sob o título “Comida em família. 1950-1980. Uma história italiana”, a mostra recolhe 180 fotos de famílias em torno da mesa e que evidenciam as transformações gastronômicas e sociais pelas quais o país passou.

Mudanças que vão desde a escassez de alimentos nos anos 50, marcados pela ainda recente Segunda Guerra Mundial, até o bem-estar dos anos 70, quando os alimentos já não eram uma necessidade, mas um prazer elogiado pela incipiente publicidade da época.

Além das fotografias, que começam em branco e preto na década dos de 50 e à medida que passam os anos, ficam coloridas, há cartazes de antigos anúncios publicitários.

A mostra aborda os costumes gastronômicos, mas também a estética das mesas, em torno das quais se sentavam os vários membros das famílias italianas da metade do século passado.

Com a passagem dos anos, houve mudanças nas refeições italianas, que passaram a brilhar e ser palco de suntuosos banquetes e celebrações nas quais não faltavam vinho e tabaco, servidos frequentemente por criados.

Parte importante na exposição pertence ao âmbito da infância, ao mostrar crianças soprando as primeiras velas de aniversário, comendo o excelente “panettone” do Natal e se lambuzando com o molho de tomate de seus “linguinis” (pasta longa).

O curador da mostra, Marco Panella, explicou à Agência Efe que estas imagens ficarão expostas até 18 de janeiro em “quatro mercados históricos” da capital, que se transformarão assim em verdadeiras “plataformas culturais”.

Concretamente, os comércios destinados a abrigar a exposição são os de Unità e Vittoria, ambos no bairro de Prati; o de Pinciano, na emblemática zona de Parioli e o de Savoia, próximo à via Salaria, todos eles com mais de 50 anos de vida.

As fotografias, portanto, se entrelaçam com os tradicionais mercados de frutas e verduras, carne e peixe que, longe do aspecto que tinham antigamente, hoje em dia diversificaram a oferta até o ponto de vender tecnologia e produtos exóticos, como frutas tropicais.

Para Panella, o objetivo é “refletir a história italiana através de momentos familiares na mesa, onde sempre se viu dor, amor, alegria, celebrações e todos os sentimentos”.

A partir de hoje, estas fotografias e cartazes publicitários surpreenderão a todos aqueles que queiram fazer compras ou conversar com seus moradores ou conhecidos, pois estes lugares conservam ainda o atrativo de ser centros de encontro para os romanos.

As fotografias “não são perfeitas e nem artísticas, são espontâneas e mostram a vida real, com um enquadramento e uma iluminação equivocados, mas reais”, segundo Panella, que explicou que provêm do “arquivo mais rico que a Itália tem: os álbuns familiares cheios de fotos abandonadas”.

Precisamente os trabalhadores destes quatro mercados foram os principais doadores das fotografias.

Entre eles, Raffaella Mazzilli, que, apesar de reconhecer entre risos ser a “proprietária mais velha” do mercado, ainda permanece nas rédeas de sua quitanda, desde onde brinca com sua presença de menina em algumas das imagens exibidas.

Mazzilli, testemunha da transformação interna de uma cidade que se diz “eterna”, relatou à Agência Efe como participou, sendo ainda menina, da inauguração do mercado de Pinciano enquanto, comovida, confessava que este é o momento de ceder o posto a seu filho. EFE

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