Metrô de Moscou, o mais visitado do mundo, completa 80 anos ainda exuberante

  • Por Agencia EFE
  • 19/05/2015 06h25
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Ignacio Ortega.

Moscou, 19 mai (EFE).- O metrô de Moscou, considerado o mais lindo e o mais visitado do mundo, completou 80 anos sem perder o poder de atração entre os turistas, que o visitam como se fosse um palácio czarista e suas estações fossem autênticas obras de arte.

“E esse quem é?”, perguntava uma desorientada turista de Hong Kong em frente a um mosaico de Lênin na estação Kievskaya, considerada a mais majestosa do metrô moscovita.

O fundador da União Soviética é uma das estrelas do metrô, que conserva intacta a simbologia comunista, desde a foice e o martelo até as cenas revolucionárias ao mais puro estilo do realismo socialista.

No entanto, isso não tira nem um milímetro da beleza do metrô, especialmente em sua linha circular, que inclui autênticos museus subterrâneos como Kíevskaia, Komsomolskaya e Novoslobodskaya.

A qualquer hora do dia, os turistas se acotovelam para fotografar seus salões, que incluem cristaleiras e rosetas coloridas, como se fosse uma catedral gótica.

O Kremlin é, sem dúvida, o destino número um dos visitantes, mas depois da residência do presidente russo, Vladimir Putin, o metrô é um lugar de peregrinação obrigatória.

Conscientes de sua popularidade, as autoridades apenas retocaram as estações mais antigas, que conservam mármores, lâmpadas, afrescos, arcos, gravuras, varandas e bancos de madeira como se estivéssemos na década de 40.

Fundado em 1935, o monumental metrô moscovita tem mais de 300 quilômetros de comprimento e quase 200 estações, 44 delas catalogadas como patrimônio cultural.

Os metros de Nova York e Paris podem ser maiores, mas não resistem à comparação sobre o valor artístico e arquitetônico.

Os mosaicos, uma tradição que os russos herdaram de Bizâncio, são uma das principais atrações do metrô, especialmente em Kievskaia, que inclui cenas revolucionárias como a fundação da União Soviética e outras, impensáveis agora, como a amizade entre os povos russo e ucraniano.

Em Komsomolskaya os mosaicos são ainda mais espetaculares, como o discurso de Lênin na Praça Vermelha ou a batalha de Borodino contra o exército de Napoleão em 1812, que são parte do teto, o que o transformou em uma das paradas preferidas dos turistas.

De Josef Stalin, que ordenou sua construção e se refugiou dos bombardeios nazistas durante a Segunda Guerra Mundial no metrô, quase não há rastro.

“Quando deixar o vagão lembre-se de seus pertences pessoais”, diz Nikita Mijalkov, o famoso diretor de cinema, pelo alto-falante do vagão, para a surpresa dos passageiros.

Mijalkov, que ganha fama há 50 anos como ator em um filme que tinha o metrô como protagonista, e outros populares artistas, cantores e apresentadores de televisão se somaram à campanha oficial para comemorar o aniversário do metrô.

“Estação Sukarevskaia. Aqui nasci, cresci e vivo atualmente”, declara o ator Gosha Gutsenko, que pede encarecidamente aos passageiros que cedam o assento a crianças, idosos e grávidas.

Construído para levar a classe trabalhadora até as fábricas, este meio de transporte continua sendo o preferido pelos moscovitas, como demonstrou a estatística, já que recebe diariamente mais de nove milhões de pessoas, mais do que o de Tóquio.

Moscou é conhecida por seus intermináveis engarrafamentos, o que torna o trólebus e o bonde opções muito mais agradáveis no fim de semana, mas em dias úteis o metrô é o meio mais rápido de chegar ao destino, já que cruza o centro da cidade em apenas meia hora.

Se você quer conhecer Moscou, deve pegar o metrô, já que, muito longe do brilho das vitrines das boutiques, está o caleidoscópio subterrâneo da sociedade russa, com sua diversidade étnica – russos, caucasianos, siberianos e centro-asiáticos- e suas disparidades sociais.

Perder-se é fácil, mas também é se achar, pois seus corredores estão cheios de policiais, sempre presentes devido ao fato de no passado o metrô ter sido alvo de atentados terroristas, motivo pelo qual não há latas de lixo.

Um dos aspectos mais singulares do metrô de Moscou é sua profundidade, não muito boa para quem sofre de claustrofobia ou vertigem, já que suas escadas rolantes se prolongam sob a terra por 63 metros.

De fato, as estações construídas após a invasão nazista foram planejadas como refúgio em caso de guerra nuclear, química ou biológica, ameaça muito latente em tempos da Guerra Fria. EFE

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