Michel Melamed defende anjo rebaixado que interpreta em “Além do Tempo”
Ariel, personagem de Michel Melamed em “Além do Tempo”, quem diria, virou um empecilho para as principais questões românticas da trama global das seis. O anjo rebelde que insistia em não ouvir o Mestre (Othon Bastos) e desafiava o livre arbítrio dos personagens criados por Elizabeth Jhin, virou um complicador na segunda fase da história. Uma condição que ficou explícita já na primeira sequência da passagem de 150 anos na novela, quando Ariel impede que Felipe (Rafael Cardoso) e Lívia (Alinne Moraes) peguem o mesmo metrô no Rio de Janeiro, esbarrando de propósito no rapaz.
“Não se trata de rebeldia. Ariel pensa em poupar as pessoas do sofrimento. Como antes ele fazia o possível para facilitar as coisas e, mesmo assim, elas não se resolviam, entendeu que é melhor não incentivar o que tem tudo para dar errado mesmo”, defende o ator.
A verdade é que todos os acontecimentos no mundo também contribuíram para o comportamento mais conformista e até transgressor desse ser espiritual. O próprio ator imagina que fatos históricos importantes devem ter influenciado essa mudança em Ariel.
“Passou mais de um século e não foram anos quaisquer. Tivemos duas grandes guerras e inúmeras catástrofes causadas pelos seres humanos. Acho que Ariel imagina que talvez as pessoas não queiram se entender”, avalia Michel.
Outras alterações tornam o trabalho de Michel mais instigante neste período contemporâneo de “Além do Tempo”. Enquanto antes ele usava seus poderes em favor dos personagens, agora, mesmo que quisesse, não poderia. Ariel foi penalizado por tanta intromissão no passado e, num sentido figurado, perdeu as asas. “Com isso, ele passou a viver como um humano, sem privilégios pela condição de anjo. E isso abre uma série de possibilidades aí”, deduz, entregando em seguida uma das coisas que podem acontecer com Ariel nos próximos capítulos. “Se o cupido lançar uma flecha, acho que ele pode morrer de amor”, afirma.
Onipresente
Além disso, como suas funções envolvem qualquer personagem da trama, Ariel seguirá passeando por todos os núcleos. E aparecendo em diferentes contextos. Até o momento, Michel já gravou, por exemplo, como motorista, operário e garçom. “Tudo vai depender do que ele puder ou quiser articular”, entrega o artista, que faz questão de não só assistir a todos os capítulos, mas também de acompanhar sempre a repercussão da tarefa que desempenha na narrativa pelas mídias sociais. “É engraçado porque, nas ruas, o público é mais contido. Na internet, a gente acaba lendo de tudo. Mas, majoritariamente, as pessoas são gentis comigo e com a história”, diz.
Essa é a primeira vez que Michel grava uma novela inteira. Ele já tinha participado de alguns capítulos de “Em Família”, em 2014, interpretando a si mesmo. Mas só neste ano conseguiu se comprometer com a agenda severa que um folhetim impõe ao seu elenco. “Nunca tive nada contra, só não rolavam os convites. Tinha pintado um, mas não pude aceitar porque era inviável pelos meus outros compromissos”, lembra.
Fora o papel em “Além do Tempo”, Michel também será visto logo mais, em 2016, na série “Dois Irmãos” (Globo), com texto de Maria Camargo e Luiz Fernando Carvalho. O enredo é sobre o universo de imigrantes que se dedicam ao comércio em uma cidade que vive um momento de decadência, após uma fase de forte desenvolvimento econômico e cultural.
O ator ainda está à frente do “Bipolar Show”, seu programa de entrevistas no Canal Brasil, em que atua como apresentador, roteirista e diretor. “Eu acho que existem várias formas de a gente dialogar com a nossa arte e a nossa inspiração. Eu tento utilizar todas as que me aparecem”, filosofa.
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