Museu do Ipiranga atinge a marca de 1 milhão de visitantes

Comemoração acontece nos dias 20 e 21 de abril (sábado e domingo), representando a pluralidade da nova fase da instituição, que se tornou um espaço de reflexão sobre o papel da História, do seu povo e seu tempo

  • 20/04/2024 08h02
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Divulgação/Secretaria da Cultura do Estado de SP Jardim do Museu do Ipiranga foi concebido no início do século 20, passou por algumas transformações, mas manteve sua essência Museu do Ipiranga comemora uma marca muito especial: o número de 1 milhão de visitantes desde que retomou as atividades, em 7 de setembro de 2022, após o período de restauro e ampliação

Nos dias 20 e 21 de abril (sábado e domingo), o Museu do Ipiranga comemora uma marca muito especial: o número de 1 milhão de visitantes desde que retomou as atividades, em 7 de setembro de 2022, após o período de restauro e ampliação. A marca será celebrada com a distribuição de bottons desenvolvidos exclusivamente para a data, com a frase “Um milhão de visitantes, um milhão de histórias”. Haverá também a realização, às 14h, no Auditório do Museu, da Mostra Contrapontos, que traz produções audiovisuais incluídas nas exposições de longa duração abertas na reinauguração do edifício-monumento, que traz produções audiovisuais sobre resistências de povos indígenas, populações negras e diferentes grupos sociais, como pessoas com deficiência e populações LGBTQIA +. Os vídeos já são exibidos em exposições de longa duração no museu. A participação no evento é gratuita.

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De setembro de 2022 até agora, a instituição recebeu em média 2 mil pessoas por dia, entre brasileiros e estrangeiros. Além deles, visitaram o Museu gratuitamente 500 grupos de alunos da rede pública de ensino e outros 90 de pessoas em situação de vulnerabilidade social agendadas por meio de ONGs. Com o restauro, o Museu do Ipiranga surgiu remodelado não só visual mas também conceitualmente, reforçando sua vocação universitária com a participação de docentes da USP em seu quadro administrativo e curatorial. A readequação do edifício-monumento em termos de sustentabilidade aproveitou recursos arquitetônicos para oferecer naturalmente luz e ventilação, e quanto à acessibilidade, promoveu a instalação de elevadores, plataformas e piso tátil, sem falar dos recursos táteis, sonoros e até olfativos inseridos organicamente nas exposições para serem fruídos igualmente por pessoas com ou sem deficiência, que também são atendidas em grupo de forma especializada. Mas as modificações mais fundamentais nem sempre são visíveis a olho nu, da mesma forma que muitos dos visitantes ainda acreditam que o prédio histórico foi a residência de D. Pedro I ou de algum outro membro da Corte: na verdade, o edifício foi inaugurado 73 anos depois da Independência do Brasil, em 1895, então apenas como um Monumento àquela data histórica.

Só em 1922, na comemoração do Centenário da Independência, o Museu do Ipiranga ganhou a configuração que se manteve durante décadas até sofrer ajustes com a reforma entre os anos de 2013 e 2022. O responsável pelo projeto foi o engenheiro e historiador Afonso Taunay, que redecorou os dois primeiros andares com as estátuas e pinturas de bandeirantes, encomendou a maquete do Centro de São Paulo, reformou o Jardim abaixo da esplanada da entrada e consolidou a narrativa que situava a Independência indelevelmente às margens do Rio Ipiranga. Mas para contextualizar essa controversa visão histórica, a primeira das 11 exposições de longa duração, Uma História do Brasil, se vale dos totens audiovisuais e acessíveis, dos textos de parede e de audioguia (são três percursos diferentes, disponíveis na bilheteria e também no site do Museu) para mostrar como a História é formada por uma interpretação dos fatos que vai sendo reanalisada de acordo com os novos contextos da atualidade. Por exemplo, parecia muito natural em 1922 pensar que a cultura eurocêntrica e a colonização foram responsáveis pela construção do país. Mas hoje, com uma nova observação das tecnologias dos povos originários e do papel dos povos escravizados, essa visão ainda faz sentido? É o Museu questionando a si mesmo e às diferentes concepções históricas, evidenciando o próprio processo constitutivo da História como disciplina. A partir disso, várias outras exposições de longa duração exploram o papel do cidadão comum na construção e no cotidiano do país, como Mundos do Trabalho, que apresenta as diversas categorias profissionais que possibilitaram o desenvolvimento do país e a construção de uma cidade como São Paulo por meio de objetos, pinturas e recursos de acessibilidade, sem contar a coleção particular de Santos Dumont, com os instrumentos que o inventor usava também para trabalhos escultóricos e de marcenaria, como a enorme moldura de espelho entalhada por ele.

Em Casas e Coisas, objetos, roupas, acessórios e equipamentos mostram e questionam a configuração dos gêneros no começo do século 20, constituindo um importante documento das mudanças conquistadas por mulheres na atualidade, além de colocar em perspectiva questões de classe a partir das moradias e seus utensílios. Esses e outros debates atuais estão presentes em todas as mostras de longa duração: Passados Imaginados, Para Entender o Museu, Territórios em Disputa, Ciclo Curatorial – Coletar, Ciclo Curatorial – Catalogar, Ciclo Curatorial – Conservar, Ciclo Curatorial – Comunicar e A Cidade Vista de Cima. O novo espaço expositivo abrange todas as áreas do Edifício-Monumento, incluindo espaços antes inacessíveis ao público e outros completamente novos. Dessa forma, a área de exposições triplicou, passando de 12 para 49 salas expositivas. O Museu é hoje um espaço de pensamento e reflexão, mas também de fruição e entretenimento. Para quem gosta de moda, design e arquitetura, observar as vitrines expositivas e flanar pelo prédio totalmente restaurado são atrações por si só. E a última das exposições de longa duração, A Cidade Vista de Cima, oferece um atrativo especial: a vista em 360º do alto do Museu, num mirante construído depois da reforma, que permite ver em sua totalidade o Jardim e o Parque da Independência, os bairros do entorno e até pontos emblemáticos, como a Torre Santander e a Serra da Cantareira demarcando no horizonte os limites de São Paulo. As enormes vigas de madeira do telhado original podem ser vistas tanto de cima, no piso C, quanto de baixo, no piso B, onde também é possível encontrar peças de pedra entalhada que remontam ao período próximo à descoberta do Brasil, como o frontão de pedra de uma igreja de São Vicente datado de 1554, além de observar a estrutura da parede de pau a pique tornada visível pela aplicação de um vidro sobre ela. Com a abertura dos pisos superiores para visitação, as janelas redondas originais da parte posterior do prédio permitem uma vista privilegiada do bosque de trás do Museu, servindo como moldura para fotos e selfies. A maquete da cidade de São Paulo antiga, remontando à conformação ainda colonial da cidade, é um atrativo à parte, com a sessão de vídeo explicativa que usa recursos de videomapping para a melhor visualização do espectador. Seja para pensar a História e o presente, seja para refletir sobre o papel dos cidadãos comuns ou apenas para percorrer a beleza histórica do edifício com sua arquitetura imponente, não foi à toa que o Museu do Ipiranga recebeu 1 milhão de visitantes desde setembro de 2022. E com sua nova configuração, está pronto para repetir esse feito muitas e muitas vezes ao longo dos anos – e da História.

SERVIÇO

1 milhão de visitantes no Museu do Ipiranga

20 e 21 de abril (sábado e domingo)

Distribuição de bottons comemorativos

Realização gratuita da Mostra Contrapontos no Auditório (release anexo)

Ingressos para o museu: R$ 30 – comprados com antecedência no site da Sympla ou mediante disponibilidade na bilheteria

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