Com personagens, Pankadon busca autenticidade no funk: “não precisa de rosto para fazer música”

  • Por Jovem Pan
  • 04/06/2018 13h27
Divulgação

Mc Marcinho, Mamonas Assassinas, Raça Negra, Daft Punk e até Patati Patata – como esses grupos tão diferentes podem ser colocados em uma mesma frase? A resposta é um novo grupo que busca autenticidade na contramão: o Pankadon.

Assim como o Daft Punk, o Pankadon adota máscaras na frente das câmeras. Mc Marcinho, ícone do funk dos anos 2000, foi a principal inspiração para o começo do grupo, assim como Raça Negra. Já os Mamonas Assassinas deram ao grupo a sátira e a acidez. E no final, “é como um Patati Patata que não é infantil”, explica Pablo Bispo, criador do grupo ao lado de Sérgio Santos e Ruxell em entrevista à Jovem Pan FM.

Mas se engana quem pensa que o Pankadon está aqui só pela zoeira. Nada disso. Os nomes responsáveis pelo grupo têm uma carreira carimbada de hits. Sérgio Santos, Pablo Bispo e Ruxell, que já trabalharam como compositores e produtores para Anitta, Ludmilla, Pabllo Vittar e Iza em músicas como “Essa Mina é Louca”, “K.O.”, “Te Ensinei Certin”, “Sua Cara”, “Pesadão” e a recente “Ginga”.

Com tanta história e reconhecimento no meio do mundo musical, porque esconder o rosto na hora de lançar o grupo? A estratégia é para provar que a música não precisa de rosto.

“A ideia inicial é que não precisa de rosto nem de um formato comum para fazer música. Criamos os personagens porque hoje parece que as cenas são pouco autênticas. Aparecem milhares [de artistas] toda semana e são todos iguais. Não só no funk”, explica Bispo.

Foi assim que surgiram Rabeton e Popozon, os dois ETs (interpretados por atores) com referências da cultura pop apresentados no clipe de “Mete o Loko” e que vão representar o Pankadon daqui para frente.

“O mais estranho é quando o gênero fica mais importante do que a autenticidade do artista, então a gente precisava de algo que fosse tão autêntico que conseguíssemos implantar até o nosso próprio gênero”, diz Pablo.

Com os personagens, o Pankadon deu o primeiro passo na direção de “criar algo totalmente novo, uma experiência nova para todo mundo”. E essa experiência inclui também letras e músicas dançantes de funk com críticas e comentários ácidos.

“A malícia e a forma diferente de explorar os gêneros foi pensada desde o começo e essa é a essência do Pankadon. Hoje é tudo muito direto nas formas de criação e a gente quis ir para um outro lado em que possamos não só fazer crítica, mas também um pop engraçado”, diz.

O grande desafio é o de fazer música popular sem perder a essência de satirizar líderes e apontar para questões importantes. “A música tem uma força muito grande para direcionar pensamentos, mas no nosso caso às vezes você vai ouvir nossa música na balada e nem vai ligar, mas tem vezes que vai entender o que é importante”.

Geração “mimimi” quer respeito

Em uma geração que se preocupa com inclusão e respeito, o Pankadon se coloca como parcela midiática importante dessa tomada de consciência. “Não precisa desrespeitar para fazer música com humor”, diz Pablo Bispo.

“Queremos atingir um público popular. Uma criança pode ouvir e minha mãe também independentemente de onde estiverem. A grande questão é como aplicar isso no mundo atual porque a galera fala ‘na geração mimimi não pode falar isso’… não. Pode falar de tudo, porém a gente não gosta de desrespeito. A gente não gosta de desrespeitar os outros”, completa.

Com “Segredinho”, música cujo clipe traz crítica a líderes da polícia, o grupo conseguiu números que provam que eles estão conquistando seu espaço. A música foi a mais ouvida na parada viral do Spotify Brasil e garantiu o Top 50 do Spotify Global. Com o hit, os acessos no Youtube do grupo ultrapassaram os 6 milhões em 2 meses.

Não é mais “Segredinho”

Nesta sexta-feira (08), o Pankadon lançou o que considera ser sua primeira música de trabalho, “Pac Pac”, que veio com parceria dupla: MC Loma e as Gêmeas Lacração e Aretuza Lovi.

Para cada colaboração, o Pankadon tira o artista de seu campo óbvio e desperta o novo. “Dizemos como podemos agregar de uma forma que ele mesmo nunca pensou”, diz Bispo. É assim que o grupo organiza as próximas parcerias, que terão nomes do pagode, axé, ídolos da música brasileira e até gringos.

“Pac Pac” é, na verdade, a 4ª amostra do trabalho do grupo, que estreou com o single “Segredinho” em março e deixou claro de cara tudo o que pretende: pop misturado com funk, ritmo dançante, clipe engraçado, sátira com políticos e muita zoeira.

Desde então, eles lançaram “Mete o Loko” e “Funk do Chaves” – uma parceria com o Multishow que recebeu autorização de Roberto Bolaños para resgatar a clássica “Que Bonita a Sua Roupa”.

Até o fim do ano, o grupo tem pelo menos mais 3 lançamentos programados e em todos, a regra é simples: criar experiências.

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