Os onze álbuns que abalaram a música pop em 2016

  • Por Jovem Pan
  • 09/12/2016 18h28
Divulgação

O ano de 2016 foi repleto de grandes novidades quando o assunto é música pop. Foi o ano que as divas apostaram no amadurecimento pessoal e também de seus fãs com trabalhos conceituais, o que muitas vezes causou certa decepção em seus fãs que adoram uma bateção de cabelo nas pistas de dança.

Foi também o ano que o hip hop se manteve como o estilo ditador de tendências. Quando o gênero não esteve no topo, foi usado à exaustão em colaborações – é só perceber que quase todos os discos citados abaixo possuem participações de rappers, principalmente Kendrick Lamar, que fez de seu “To Pimp A Butterfly”, de 2015, um dos grandes discos da década.

Tudo isto acontece no mesmo ano em que a música pop perdeu uma de suas principais mentes criativas, com espaço para uma menção honrosa nessa lista.

Bruno Mars – “24K”

Sem lançar nenhum disco em 2015, cansamos de ouvir Bruno Mars na sua colaboração com o produtor Mark Ronson em “Uptown Funk”. Uma das músicas mais tocadas no último ano pode ter servido de preparação para o que viria com “24K”, disco digno de uma grande produção da música negra dos anos 1980. O terceiro trabalho de estúdio de Mars contém apenas nove faixas e não precisaria de mais, todas são tiros certeiros. O romantismo também não é deixado de fora com a balada “Versace On The Floor”.

Ouça “Perm”, “That’s What I Like” e “Too Good To Say Goodbye”.

Frank Ocean – “Blond”

Desde quando lançou o seu primeiro disco de estúdio em julho de 2012, o elogiadíssimo “Channel Orange”, Frank Ocean deixou todos na expectativa para o que viria a seguir. Sua vida reclusa – a única rede social que Ocean utiliza é o Tumblr! – e os paradigmas que quebrou ao assumir-se bissexual, o artista, mesmo que sem querer, foi adotado pela cultura pop. Depois de quatro anos de muita espera chegou “Blonde”, um disco mais intimista e conceitual, mas igualmente incrível, provando ainda mais suas qualidades como cantor e compositor de temas tão pessoais.

Ouça “Pink+White”, “Nikes” e “Solo”.

Beyoncé – “Lemonade”

A última novidade de Beyoncé foi o disco mais impactante da música pop em 2016. A cantora, é verdade, deixou alguns fãs decepcionados por uma produção feita menos para bater o cabelo e mais para causar reflexão, mas é um disco necessário. Lançado junto com um clipe-conceito de mais de uma hora, “Lemonade” narra a história de um casamento marcado por traições e mágoas (sim, nem a relação entre Jay Z e Beyonce é perfeita), mas o tiro mais certeiro é o tratamento que a cantora dá ao racismo.

Ouça “Hold Up”, “Freedom” e “Sorry”.

Solange – “A Seat At The Table”

Com toda a responsabilidade de ser irmã de Beyoncé e lançar um disco depois do lançamento de “Lemonade”, Solange conseguiu ser uma das grandes surpresas do ano com “A Seat At The Table”. Apesar da comparação com o disco da irmã por também tratar de questões raciais, o trabalho de Solange tem características de um bom disco de R&B. O ano de 2016 serviu para o público saber que a família Knowles não tem apenas uma estrela.

Ouça “Cranes In The Sky”, “Mad” e “Where Do We Go”.

Chance the Rapper – “Coloring Book”

O rap nunca foi tão parte da música pop. Artistas como Kanye West e Jay Z foram essenciais para a participação do estilo no mainstream, mas a nova geração composta por Kendrick Lamar e Chance The Rapper são fundamentais para sua sobrevida. Em “Coloring Book”, Chance mantém o alto nível dos seus dois discos anteriores e só traz evolução para sua música com elementos de forte influência na sua arte: o R&B e a música gospel. Além de invocar suas principais influências, o rapper enche o disco de grandes colaborações, como Justin Bieber, Kanye West e Lil Wayne. Não à toa, ele é o queridinho do ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.

Ouça “No Problem”, “Blessings” e “Juke Jam”.

Kanye West – “The Life of Pablo”

Com toda sua marra e arrogância, Kanye West sabe como ninguém abalar as estruturas do universo pop. “The Life Of Pablo” envolveu uma briga via Twitter com Wiz Khalifa, um “lançamento” feito através de um laptop em um desfile de moda, e a briga com a inimiga-amiga-inimiga Taylor Swift.  Casado com Kim Kardashian, West é conhecido por atacar – muitas vezes gratuitamente – a indústria pop e outros artistas, e se autodenominar como, por exemplo, um cara “mais influente que Stanley Kubrick, Pablo Picasso, Paulo, o apóstolo, e Pablo Escobar”. Puro marketing pessoal? Talvez, mas a verdade é que nada disto funcionaria se o rapper não se bancasse em seu trabalho. “The Life Of Pablo”, mesmo com uma capa de qualidade duvidosa, é a prova de que West é bom com polêmicas, rimas e em acompanhar tendências.

Ouça “Famous”, “No More Parties in LA” e “Fade”.

Drake – “Views”

Diferente do estilo contestador de Kendrick Lamar e da experimentalidade encontrada no som de Chance The Rapper, Drake faz o rap mais radiofônico entre os rappers atuais, muito por conta dos temas “mais fáceis”, como seus relacionamentos. Depois de dois discos e uma mixtape bastantes elogiados, “Views” podia se comprometer pela sua longa duração com 20 faixas, mas a obra ainda se faz importante para o gênero e para a popularidade do canadense. Antes de ser lançado, “Hotline Bling” e “One Dance” já faziam a cabeça dos fãs, mas não é só disto que se faz o disco. As colaborações com o rapper Future e com Rihanna, além da produção de Kanye West e Jay Z fazem valer “Views” como o álbum mais baixado no ano pela Apple e colocar Drake como um dos grandes indicados ao Grammy.

Ouça “Hype”, “With You” e “Grammys”.

Lady Gaga – “Joanne”

Dizer que Lady Gaga está mais madura musicalmente é tão batido quanto dizer que ela é uma grande cantora. Além de ser verdade, as duas afirmações têm surgido cada vez mais a cada lançamento da cantora. Ao sinalizar o seu amadurecimento com participações com cantores da velha-guarda como Tony Bennett, Gaga também aparece para um público mais velho e “Joanne” é a prova disto. Quando o flerte no novo trabalho não é com a música country, a cantora abre espaço para solar lindamente em canções como “Hey Girls”, em parceria com Florence Welch.

Ouça “Diamond Heart”, “Million Reasons” e “Sinner’s Prayer”.

Rihanna – “Anti”

Junto com Beyonce, Rihanna representa muito bem o momento que a música pop negra vive. Em “Anti”, a cantora nascida em Barbados aparece nem um pouco acomodada, ao mesmo tempo em que “não liga muito” para o que os fãs vinham esperando. E olha que o período de três anos entre “Unapologetic” e “Anti” foi a maior espera entre álbuns da artista.

Fica difícil colocar “Anti” em uma prateleira de gênero. Rihanna abre o álbum com o ragga “Consideration”, vai até o Caribe para mostrar o sucesso radiofônico “Work” e  recorre a uma regravação de “Same Old Mistakes”, do grupo de rock psicodélico Tame Impala. Por fim, o disco vai se encaminhando para o romantismo, com destaque para “Love On The Brain”.

Ouça “Needed Me”, “Work” e “Consideration”

Sia, “This Is Acting”

Antes de Sia lançar “This Is Acting” já sabíamos que viria a ser um sucesso. As faixas lançadas previamente, “Bird Set Free”, “Alive” e “Cheap Thrills” deram um gosto do álbum que, segundo a própria artista, é composto somente com músicas feitas para outra pessoas. O resultado é um amontoado de canções épicas.

Ouça “Cheap Thrills”, “The Greatest” e “Reaper”.

The Weeknd – “Starboy”

O canadense também está na lista dos artistas pop que resolveram aflorar o lado experimental. Depois de um sucesso arrebatador com seu “Beauty Behind The Madness”, The Weeknd teve a segurança de viajar pelo trap (“Party Monster”), o minimalismo com a ajuda de Lana Del Rey (“Stargirl Interlude”)  e evoca as comparações com Michael Jackson (A Lonely Night). Mas é com as certeiras colaborações de Daft Punk (“Starboy” e “I Feel It Coming”) que o músico filho de pais etíopes mostra estar no caminho certo.

Ouça “I Feel It Coming”, “Sidewalks” e “True Colors”.

BÔNUS: David Bowie, “Blackstar”

David Bowie entendeu melhor do que ninguém durante a sua carreira como um artista pop deve manter seu nível de excelência sem cair na famosa zona de conforto. O Camaleão do Rock faleceu no início desse ano, mas deixou a obra “Blackstar” para apreciação e discussão três dias antes de perder a batalha contra um câncer. Depois de assumir a persona de um extraterrestre andrógeno e transitar por diversos ritmos, Bowie evita o rock and roll e em uma vibe mais soturna bebe das fontes do jazz e até mesmo do rap.

Ouça “Blackstar”, “Lazarus” e “I Can’t Give Everything Away”.

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