Nélida Piñon: vazio deixado por García Márquez é preenchido por sua obra

  • Por Agencia EFE
  • 17/04/2014 19h05
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Rio de Janeiro, 17 abr (EFE).- A morte do romancista colombiano Gabriel García Márquez deixa um enorme vazio na literatura mundial que pelo menos pode ser preenchido em parte pela própria obra que deixou, afirmou nesta quinta-feira a escritora Nélida Piñon, considerada uma de suas melhores amigas no Brasil.

“É uma perda difícil para todos. Uma perda que evoca grandes memórias. Mas pelo menos podemos nos conformar com a ideia que podemos preencher esse vazio com a grande obra que ele nos deixou”, afirmou à Agência Efe a autora de “A casa da paixão” (1972), “A Doce canção de Caetana (1987) e “A república dos sonhos” (1984).

“É lógico que vai deixar um grande vazio, mas, inclusive quando estivemos afastados, ele sempre emitiu sinais de grandeza. Cada vez que nos deixava ver uma página sua, nos garantia que o talento é possível, que a literatura se justifica e que as palavras podem encher as ânsias da humanidade”, acrescentou.

Piñon afirmou que a obra do autor de “Cem anos de solidão” é tão universal que já foi testada ao longo de décadas e até hoje segue enriquecendo o imaginário não só da América Latina, mas de todo o mundo.

A romancista brasileira recebeu na Alemanha, onde participa de um seminário, a informação de que o Nobel de Literatura de 1982 morreu hoje aos 87 anos em sua casa na Cidade do México.

A saúde do Nobel colombiano tinha piorado na últimas semanas por causa de uma complicação respiratória que obrigou sua internação em um hospital da capital mexicana, do qual saiu para continuar sua convalescença na casa onde faleceu.

“Os amigos pensávamos que era imortal não só por sua obra, mas também por sua forma de ser, por ser um caribenho com uma forma de ver a vida muito parecida como a que vemos no Brasil”, afirmou.

Primeira mulher a receber o Prêmio Juan Rulfo de Literatura (1995) e a assumir a presidência da Academia Brasileira de Letras, Piñon descreveu García Márquez como “um colombiano do Caribe alegre, cosmopolita e universal”.

“Sua obra garante uma soberania criadora para as Américas”, acrescentou.

A romancista contou que se encontrou pela última vez com o colombiano há três anos e que, na época, não notou que padecesse de algum problema de saúde.

“Sempre vi Gabo com saúde e sempre ao lado de Mercedes, sua querida companheira de toda a vida”, afirmou. EFE

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