Nova versão de “A Bela e a Fera” traz muito dos tempos atuais
A Bela e a Fera (1991), de Gary Trousdale e Kirk Wise, foi o primeiro longa-metragem de animação a concorrer ao Oscar de melhor produção do ano – acabou levando os de trilha sonora (Alan Menken) e canção original (Menken e Howard Ashman). Então foi com certa dose de apreensão que muitos receberam a notícia de que a Disney ia fazer uma versão “live action”. E os envolvidos em A Bela e a Fera, de Bill Condon, que estreia no Brasil na quinta, 16, têm consciência disso. “A animação era perfeita”, disse a atriz Audra McDonald, vencedora de seis Tony, que interpreta Madame de Garderobe, em entrevista à imprensa. “Não acho que a Disney ou ninguém que participou queria consertar nada. A ideia era fazer uma reimaginação.”
Para o diretor, a única forma de dar certo era, primeiro, apostar no realismo, capturando, inclusive, a época (1740) e o lugar (França) em que o conto de fadas de Gabrielle-Suzanne Barbot de Villeneuve foi originalmente publicado. E isso se refletiu nas escolhas dos figurinos e do design de produção, por exemplo, mas também na transformação de pessoas em objetos animados, como é o caso do candelabro Lumière (Ewan McGregor), do bule de chá Madame Samovar (Emma Thompson) e do relógio Horloge (Ian McKellen).
Mas Bill Condon também queria trazer o filme para 2017, e só no “live action”, acredita, poderia acrescentar nuances que dão mais profundidade à história. Bela (Emma Watson), por exemplo, continua apaixonada pelos livros, mas agora também é uma ativista, que ensina outras garotas a ler numa vila onde isso não é permitido. “Não é fácil ser outsider, não é fácil ir contra o status quo. Mas ela faz isso com muita coragem”, disse a atriz, que interferiu bastante no roteiro para que suas ideias fossem refletidas – Watson é conhecida por suas campanhas feministas e literárias.
“Minha filha agora pede para os amigos doarem dinheiro para caridade em vez de ganhar presentes”, contou Audra McDonald. “E isso é por causa da Emma. Então sabia que sua Bela ia ser forte, independente e resgatar todo mundo no filme.” A nova versão também mostra por que Bela e seu pai Maurice (Kevin Kline) foram parar na vila e o que aconteceu com sua mãe.
A Fera (Dan Stevens), igualmente, é mostrada como um Príncipe sem coração antes de ser amaldiçoado – e o longa também vai ao passado para contar por que ele ficou assim. Até Gaston (Luke Evans) não começa como vilão. “Ele é o machão”, disse o ator. “Mas as rachaduras começam a aparecer quando ele é rejeitado por Bela.”
Essas novas linhas narrativas influenciaram as três novas canções compostas por Alan Menken e Tim Rice – Howard Ashman morreu em março de 1991, mas alguns de seus versos que sobraram da animação acabaram sendo incorporados aqui.
Essa cara 2017 reflete-se, também, nos relacionamentos inter-raciais e no personagem Le Fou (Josh Gad, o Olaf em Frozen), o devotado companheiro de aventuras de Gaston, que causou muita polêmica com a revelação de sua homossexualidade, motivando boicotes de cinemas nos EUA e classificação indicativa alta na Rússia. Trata-se de uma cena mínima, de tom cômico. “Essa história é sobre aceitar as pessoas como são”, disse Condon. “E numa maneira Disney, estamos incluindo todos. Este filme é para todos, com todos.”
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