Pérola Negra supera dificuldades para contar a história da Vila Madalena
Um imprevisto atrasou o início do desfile da Pérola Negra, o primeiro da noite de Carnaval. A explosão de um transformador apagou um dos refletores do Sambódromo, e a organização resolveu esperar até o restabelecimento da iluminação. Assim, a apresentação começou da escola de Vila Madalena começou às 23h32, ao invés dos previstos 23h15.
Isso não atrapalhou, no entanto, o desfile, que homenageou justamente o bairro que é berço da Pérola. O samba “Do Canindé ao samba no pé, a Vila Madalena nos passos do balé” falou sobre o lugar onde “samba até quem já morreu”.
A comissão de frente representou o espírito da dança dos ventos, das águas e do próprio bairro. O primeiro trio-elétrico, pintado de azul e com dançarinas, representou as águas dos córregos da Vila Madalena, que teve seu passado destacado. A ala das baianas representou a dança da natureza, com flores, borboletas, peixes e outros integrantes da natureza.
O bonito desfile da escola foi prejudicado pelo segundo carro da escola, que teve problemas para manobrar e demorou para entrar na avenida e deixou um “buraco” na evolução. O carro representou as danças indígenas, com uma oca como ponto onde os índios dançam após a chegada dos jesuítas no Brasil.
No entanto, os portugueses não foram apenas vistos como “estrangeiros” no desfile da Pérola Negra. A ala dos “fandangos” homenageou os colonizadores, que ocuparam a região que viria a ser a Vila Madalena, por meio de sua dança tradicional.
Por falar em estrangeiro, a angolana Carmem Mouro foi a primeira rainha de bateria de fora do Brasil a desfilar no Carnaval de São Paulo. O Congo também foi um país de destaque no desfile, representando a dança afro-brasileira. Por outro lado, a vida noturna da Vila Madalena, obviamente, não ficou de fora. Um carro cheio de luzes foi a surpresa da Pérola Negra para representar a característica mais famosa do bairro atualmente.
Com 1h02 de desfile, a Pérola Negra chegou ao fim do Anhembi dentro do tempo limite, apesar dos problemas. No todo, ficou a mensagem da história da Vila Madalena, com uma apresentação cheia de cores e um samba “chiclete” e contagiante.
Do Canindé ao samba no pé. A Vila Madalena nos passos do balé
É na ginga da dança… que eu vou
Solta o corpo e balança… amor
Vem ver como é que é, samba na ponta do pé
Pérola Negra vem nos passos do balé
É carnaval, a minha vila contagia
A joia rara te convida pra dançar
O som da mata ecoou em sinfonia
A revoada cortando o ar
Das águas, o bailar da sutileza
Celebrando a natureza
O índio cantou e dançou a noite inteira
Da fé rituais em louvor, ôô
Com cheiro de mato, o som da viola embalou
Negro firma o batuque na palma da mão
Vem no toque de Angola, levanta a poeira do chão
Fazendo festa pro seu rei coroar
“Semba” ioiô, samba iaiá!
E sanfoneiro puxa o fole bem ligeiro
Pra folia começar
Bate zabumba e pandeiro
Tem quadrilha no arraiá
Nas ruas o povo espalha alegria
A boemia encontra o seu “santo lar”
De portas abertas a cultura
Ritmando a mistura da arte popular
Olé, olé, olé, olá,
Faz mais um eu quero ver a galera delirar
E nesse embalo lá vou eu
Na Vila Madalena samba até quem já morreu.
Ao todo, foram 2.800 integrantes, divididos em 24 alas
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.