Portugal, um paraíso para os amantes do bom café

  • Por Agencia EFE
  • 15/05/2015 06h21
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Bárbara Pereira.

Lisboa, 15 mai (EFE).- Preço, variedade e primor no modo de preparação transformam o café servido em Portugal em um dos produtos mais atrativos, e menos conhecidos, de sua gastronomia, à altura do famoso bacalhau e o tradicional pastel de Belém.

Apreciada pelos portugueses e cada vez mais pelos estrangeiros, a típica xícara de café portuguesa se distingue da do resto da Europa por suas especiais características, da extração à torrefação, e sua maneira de servi-la.

“O expresso português se submete a um processo de torrefação mais lento que o italiano, seu tempo de extração é maior, seu volume de xícara também é maior. E a mistura de cafés é especial”, explicou à Agência Efe Cláudia Pimentel, secretária-geral da Associação Industrial e Comercial de Café (AICC) de Portugal.

Em Lisboa, o café é um produto onipresente nos estabelecimentos da cidade, onde a cada dia milhares de portugueses tomam, a maioria de pé nos balcões, esta consistente e aromática bebida.

A xícara de café foi apreciada também por alguns dos principais escritores portugueses, como Fernando Pessoa, Eça de Queirós e Manuel Maria Bocage, que assumiram uma postura artística de quase veneração, e simboliza ainda o crisol de culturas que é Portugal.

Seu histórico de produção se entrelaça com a metrópole e antigas colônias como Brasil, Angola e São Tomé e Príncipe, das quais extrai o grão.

Além do preço convidativo, pois dificilmente custa mais de 1 euro, outro fator que transforma o café português em uma “delicatessen” gastronômica atrativa para todos os públicos é a quantidade de maneiras de servi-lo.

Em termos gerais, o expresso português se caracteriza por uma camada de creme de cor avelã, é denso, de acidez suave e consistente, e tem, quase como o bacalhau, várias formas de chegar ao balcão.

A “bica”, ou expresso normal, que se pede nas famosas tascas e também nos restaurantes mais sofisticados, é a mais vertente mais popular.

Mas se destacam também modalidades com leite como o “galão”, o “meia-de-Leite”, o café “cheio” ou “pingado”, assim como o “café com cheirinho” (com aguardente), “duplo”, “abatanado” ou o simples descafeinado. Todas estas variações dão uma ideia da dimensão do consumo nacional.

Segundo um estudo da European Coffee Federation, 80% dos portugueses bebem café diariamente e cada um deles consome, em média, 2,5 xícaras de café diárias, a maioria fora de casa (60%), contra apenas 20% da média dos moradores da maioria dos países europeus.

De férias em Lisboa, a antropóloga brasileira Laís Duarte escolheu o tradicional “galão” – o nosso tradicional café com leite – por ser seu “recurso favorito de energia para subir as ladeiras do Bairro Alto”.

“Adorei a possibilidade de degustar uma cidade inteira a partir de uma xícara de café”, comentou.

Em termos de mercado, a paixão por este produto se traduz na visão para investir em modelos inovadores.

Esse é o caso de uma inovadora cafeteria, a Bettina & Niccolò Corallo, cuja especialidade combina café e chocolate frescos.

Situada junto ao Jardim do Príncipe Real, em Lisboa, a cafeteria recebe muitos locais e estrangeiros, que encontram o local em guias gastronômicos.

No estabelecimento, o café – importado de Brasil, Indonésia, Panamá, Ruanda e Índia – é submetido a uma torrefação leve, para depois ser processado em uma máquina ou extraído em filtros especiais.

“Nós torramos de manhã e, por isso, já se sente o aroma de bom café na rua”, contou à Efe a dona do estabelecimento, Bettina.

Para o degustador de cafés, Adelino Cardoso, há três períodos imprescindíveis para chegar à fórmula do que ele denomina de “o expresso perfeito”.

É preciso levar em conta, em primeiro lugar, a origem – aspectos específicos de produção ou espécies -, mas também são fundamentais o processamento e a distribuição ao cliente. EFE

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