Premiações “se recusam” a aceitar atores que fazem motion capture, diz Andy Serkis

  • Por Elisa Feres/Jovem Pan
  • 01/08/2017 16h32 - Atualizado em 01/08/2017 16h39
Fox/Divulgação/Mauricio Santana Astro interpretou o protagonista César em "Planeta dos Macacos"

Desenvolvida no sucesso de bilheterias Avatar, a motion capture se tornou uma tecnologia em ascensão no cinema mundial. A ideia é simples (a execução nem tanto): colocam-se marcadores nas roupas e nos rostos dos atores para transpor seus movimentos e expressões em corpos de animais ou seres fictícios criados por animação. E um dos astros que mais tem se especializado nela é Andy Serkis, que viveu a criatura Gollum em O Senhor dos Anéis, o gorila gigante em King Kong e o líder César em Planeta dos Macacos. Atualmente no Brasil para divulgar o terceiro filme da franquia (Planeta dos Macacos: A Guerra), o britânico disse que, embora o público tenha elogiado suas últimas atuações com a “mocap”, muitas premiações ainda se recusam a aceitá-la.

“Acho que muitas pessoas não percebem que a tecnologia de captura é apenas uma tecnologia. Não é um gênero de atuação. Se você interpreta um macaco, tem que fazer uma pesquisa. Fizemos pesquisas em zoológicos, fizemos pesquisas na internet, pensamos em quem exatamente eram nossos personagens. Nessa hora de criação fazemos escolhas. Isso é atuação”, declarou em entrevista coletiva realizada nesta terça-feira (1) em São Paulo.

“Não tenho dúvida de que é preconceito total. As pessoas se recusam a entender que a ‘mocap’ não é diferente de qualquer outra performance. Os mais jovens entendem, mas alguns mais velhos, presentes nas organizações de atuação e nos conselhos de premiações, se recusam. E basta assistir as cenas de bastidores para aprender! A atuação acontece ali como em qualquer outra construção de personagem. Mas isso vai mudar daqui uns cinco anos. Não vamos mais discutir isso. Se eu usasse maquiagem e roupa especial hoje, falariam ‘ó, isso é atuação’. Mas como uso roupa de motion capture não (risos). É frustrante”, completou.

Planeta dos Macacos: A Guerra, que estreia nos cinemas brasileiros na quinta-feira (3), mostra o desfecho da saga de César e de seus companheiros símios que tentam sobreviver dos ataques frequentes dos seres humanos enquanto buscam um lugar pacífico para criarem suas famílias. Diferente dos dois primeiros longas da franquia (Planeta dos Macacos: A Origem e Planeta dos Macacos: O Confronto), o roteiro, embora continue tendo cenas fortes de ação, foca em alguns conflitos internos e existenciais dos personagens centrais.

“Esse filme vai atrair as pessoas porque existe uma grande história passando por nossos olhos. E ela não tem nada de previsível, o que é raro em um ‘blockbuster’. Muitas vezes as continuações não oferecem nada às franquias; essa não é assim, o que é muito inovador”, disse Serkis. “A verdade é que o tema principal agora é empatia. O filme mostra que seria um perigo se vivêssemos em um mundo em que o ser humano perde a capacidade de se colocar no lugar do outro. Existe uma beleza nessa metáfora. Espero que essa mensagem reverbere nas plateias, já que vivemos em uma época confusa e contraditória ideologicamente”, concluiu.

O longa tem direção de Matt Reeves e também conta com Woody Harrelson, Steve Zahn, Amiah Miller, Judy Greer e Michael Adamthwaite no elenco.

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