“Que Horas Ela Volta?” é escolhido para disputar indicação ao Oscar
Rio de Janeiro, 10 set (EFE).- O filme “Que Horas Ela Volta?”, que aborda o universo das empregadas domésticas no Brasil, foi escolhido pelo Ministério de Cultura (MinC) como candidato para representar o país na disputa por uma vaga entre as produções que serão indicadas a categoria de “Melhor filme estrangeiro” no Oscar de 2016.
O filme, dirigido por Anna Muylaert, a primeira mulher em 30 anos a representar o Brasil na maior premiação do cinema mundial, era o favorito na escolha que foi realizada nesta quinta-feira pela Comissão Especial de Seleção do MinC, formada por sete especialistas, no Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro.
“Sobre a linguagem, o que este filme faz é mostrar como fica o afeto dessas classes (domésticas e empregadores). Nesse ponto ele é um filme muito singular. Uma das coisas ditas na reunião é que esse filme consegue discutir a questão econômica e política e falar desse arranjo social sem fazer discurso, sem fazer plenária. Ele não é um panfleto. O filme fala de afeto que também levanta os tópicos sociais”, disse o crítico de cinema Rodrigo Fonseca, integrante da Comissão.
Protagonizado por Regina Casé, o longa narra a vida de Val, que sai do interior de Pernambuco e deixa a filha, ainda pequena, com parentes para poder trabalhar como empregada na casa de uma família de classe média em São Paulo. A trama começa quando Jéssica, a filha, decide visitar a mãe em São Paulo e se depara com a situação de submissão de Val e a forma como ela trata os membros da família para quem trabalha como se fossem seus filhos.
A produção, que além do Brasil já estreou em 22 países, foi elogiada pela imprensa estrangeira e por críticos de festivais, e é apontada pelo site especializado “Indiewire” como forte candidata a vencer o Oscar de melhor filme em língua estrangeira.
“Que Horas Ela Volta?” já rendeu o prêmio de melhor atriz para Regina Casé e Camila Márdila no Festival de Sundance, conquistou a honraria principal da mostra Panorama no 65º Festival de Berlim e recebeu a premiação de melhor filme no Festival de Amsterdã.
Os outros candidatos que tentavam representar o Brasil eram “A Historia da Eternidade”, de Camila Cavalcante; “Alguém Qualquer”, de Tristan Aronovich; “Campo de Jogo”, de Eryc Rocha; “Casa Grande”, Felipe Barbosa; “Entrando numa Roubada”, de André Miraes; “Estrada 47”, de Vicente Ferraz; e “Estranhos”, de Paulo Alcântara.
Os escolhidos nos últimos anos, mas que não chegaram a entrar na lista final de cinco indicados ao Oscar foram “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho”, de Daniel Ribeiro (2015); “O Som ao Redor”, de Kleber Mendonça Filho (2014); “O Palhaço”, de Selton Mello (2013); “Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro”, de José Padilha (2012); “Lula, o filho do Brasil”, de Fábio Barreto; e “Salve Geral”, de Sérgio Rezende (2010).
A última vez que um longa nacional foi escolhido para disputar a categoria foi em 1999, com “Central do Brasil” e quando Fernanda Montenegro também foi candidata à melhor atriz.
Os indicados a 88ª edição do Oscar serão anunciados em 14 de janeiro. A cerimônia de gala está prevista para acontecer em 28 de fevereiro, no Teatro Dolby, em Los Angeles. EFE
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