Radicais iranianos abrem página pró-hiyab no Facebook
Teerã, 18 mai (EFE).- Defensores do uso estrito do hiyab (véu islâmico) para as mulheres no Irã abriram uma página no Facebook dias depois da aparição nessa mesma rede social de outra página na qual as iranianas postavam suas fotos em espaços públicos sem o obrigatório véu.
“A verdadeira liberdade das mulheres do Irã”, se chama a nova página, que se define como “o movimento de livres mulheres do Irã islâmico que foi levantado contra a cultura de nudismo do Ocidente”.
A iniciativa foi lançada na quinta-feira para resistir a uma bem-sucedida campanha nascida há apenas duas semanas antes na rede e intitulada “A liberdade cautelosa das mulheres no Irã. Desfruta do vento em seu cabelo”, na qual centenas de mulheres iranianas postaram fotos com os cabelos ao ar.
A nova e conservadora página tem como objetivo declarado “fazer frente aos estrangeiros e mercenários que desde a outra parte do mundo dão receitas às mulheres iranianas e fazem campanhas para eliminar o hiyab”, algo que é realizado, acusam, “com a ajuda dos serviços de espionagem” estrangeiros.
Para essa suposta luta, a página convida homens e mulheres muçulmanos a apresentar textos literários, vídeos e fotos que apoiem o uso do véu islâmico.
A fim de convencer as iranianas da importância de usar o que os autores consideram “um hiyab correto”, os autores da página argumentam que “segundo as estatísticas dos últimos anos, no país mais de 90 % das moléstias causadas por homens contra mulheres nas ruas são contra as que usam mal o hiyab”.
“93% dos estupros são contra mulheres e meninas com mal hiyab. Aos senhores parece que o significado destas estatísticas não está claro?”, se perguntam.
Um dos visitantes da página, identificado como Amir Mohamad Hamzé, vai mais longe e assegura que “as mulheres que veem a liberdade em um mal hiyab têm que estar atentas. Se na rua um jovem virgem as estupra, devem pensar também na liberdade desse menino. Depois que não venham suplicar ao governo e denunciar que foram estupradas e pedir que o detenham e as indenizem”.
Uma mulher que se identifica com o pseudônimo “A que estranha o santuário”, defende o uso de um estrito hiyab porque sua função é “cem por cento protetora”.
Por enquanto, o êxito da página é moderado e conseguiu em quatro dias 5.060 “curtir”.
A página que, ao contrário, defende que seja permitido escolher não usar o cabelo tapado no Irã, conseguiu por sua parte desde sua abertura em dois de maio mais de 285 mil “curtir” e foi objeto de mais de 300 mil conversas.
Na sexta-feira passada, após as orações do meio-dia na Universidade de Teerã, 500 radicais se manifestaram para exigir que a Polícia e o governo imponham o uso de um hiyab estrito.
A cada ano na primavera se repetem em Teerã este tipo de protestos, perante a chegada do bom tempo que leva a um relaxamento por parte das mulheres, sobretudo as mais jovens, de sua interpretação do código de vestimenta islâmica exigida por lei.
As mulheres no Irã devem cobrir seu corpo e cabelo, mas com a chegada do calor muitas delas reduzem a quantidade de cabelo que cobrem e encurtam as mangas das camisetas, as pernas das calças, entre outras medidas. EFE
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