Restos de Miguel de Cervantes são encontrados quase 400 anos após sua morte

  • Por Agencia EFE
  • 17/03/2015 11h31

Madri, 17 mar (EFE).- Os restos mortais de Miguel de Cervantes e os de sua esposa, Catalina de Salazar, foram achados juntos aos de outras 15 pessoas na cripta do Convento das Trinitárias Descalças, em Madri, segundo confirmaram nesta terça-feira os pesquisadores.

A Agência Efe já havia informado no dia 11 de março sobre o achado dos restos de Cervantes e da esposa, cujos detalhes foram revelados hoje pelos especialistas em uma entrevista coletiva que contou com a presença da prefeita de Madri, Ana Botella, que afirmou que a descoberta contribui para a história e para a cultura da Espanha.

Esse é o desfecho de uma pesquisa que começou há dez meses para localizar o lugar exato do convento onde estava o autor de “Dom Quixote”, mas os legistas não descartaram uma nova fase que leve a uma análise mais detalhada sobre os restos mortais.

No entanto, de acordo com o especialista Francisco Etxebarria, é “impossível” comprovar pelo DNA quais são os restos de Cervantes entre todos os localizados na cripta, já que estão “muito fragmentados”. Além disso, há outro empecilho: o escritor não teve filhos, e a única parente sepultada em um lugar conhecido é sua irmã, cujos restos estão em um ossário comum em Alcalá de Henares, aos arredores de Madri.

O legista ressaltou que tanto a pesquisa como os achados arqueológicos permitem concluir que os restos de Cervantes foram levados para a cripta do convento e que um dos conjuntos de ossos encontrados no local coincide “fielmente” com os dados de arquivo sobre o grupo com o qual o escritor teria sido enterrado.

A descoberta inclui restos de 17 corpos, que foram enterrados entre 1612 e 1630 no convento das Trinitárias, antes localizado em um lugar diferente do atual, e que foram levados para a cripta entre 1698 e 1730, no momento em que as obras de construção do convento terminavam.

Segundo a antropóloga Almudena García Cid, há restos de pelo menos cinco crianças e dez adultos (quatro homens, duas mulheres, dois indeterminados e dois provavelmente masculinos).

Os achados estavam no subsolo e apareceram juntos a uma moeda de 16 maravedis de Felipe IV e objetos litúrgicos, entre outros objetos que permitiram datá-los no século XVII.

A pesquisa, liderada pelo legista Luis Avial e Francisco Etxebarria, custou 124 mil euros e recebeu o apoio da Prefeitura de Madri.

Sobre o destino dos restos do escritor e a possibilidade de serem expostos ao público, o historiador Francisco José Marín Perellón, funcionário da prefeitura e arquivista, afirmou que não a decisão não cabe ao governo local e a deixou em mãos do Convento das Trinitárias Descalças e à Real Academia Espanhola, da qual o edifício é propriedade.

A atividades de busca começaram no final de abril do ano passado, quando a equipe de especialistas comandada por Luis Avial localizou as áreas de enterros do convento. Após meses de negociações para obter permissões, no dia 22 de janeiro, cerca de 30 de pesquisadores chegaram à cripta para iniciar a etapa arqueológica.

O achado coincide com a comemoração dos 400 anos da publicação da segunda parte de “Dom Quixote”, que precede a celebração em 2016 do quarto centenário da morte do mais famoso escritor espanhol. EFE

lvp-eaf/vnm

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.