Scott Derrickson, responsável pelo renascimento dos filmes de possessões
Antonio Martín Guirado.
Los Angeles (EUA), 2 jul (EFE).- Scott Derrickson se vê como o causador do renascimento do cinema de possessões e exorcismos graças a “O Exorcismo de Emily Rose” (2005), um estilo ao qual dá uma nova reviravolta com o “thriller” de terror “Livrai-nos do mal”, que estreia neste dia 2 de julho.
“O Exorcismo de Emily Rose” foi a estreia de Derrickson, um grande sucesso que, contando com um orçamento de US$ 20 milhões e um elenco liderado por Laura Linney, Tom Wilkinson e Jennifer Carpenter, arrecadou US$ 144 milhões em bilheteria no mundo.
O êxito desse filme fez com que Hollywood tomasse nota e apostasse na mesma fórmula na saga de “Atividade Paranormal” e obras como “O Último Exorcismo” (2010), “Possuída” (2012) e “O Despertar das Trevas” (2012).
“Aquele filme abriu a porta a muitos outros do mesmo estilo, portanto da minha parte existia certo temor na hora de abordar o (novo) filme porque não queria ser repetitivo”, afirmou o cineasta em entrevista à Agência Efe.
Em “Livrai-nos do Mal”, um agente da Polícia de Nova York (Eric Bana) investiga uma série de crimes perturbadores e inexplicáveis, uma tarefa para a qual contará com a ajuda de um sacerdote pouco convencional (o venezuelano Edgar Ramírez), especialista nos rituais do exorcismo.
O elenco do filme, inspirado em fatos reais, conta com Olivia Munn, Joel McHale e Sean Harris.
Derrickson esteve ligado ao projeto desde 2003, ano no qual o produtor Jerry Bruckheimer lhe atribuiu a tarefa de elaborar um roteiro baseado no livro “Beware the Night”, escrito pelo policial Ralph Sarchie sobre suas próprias experiências próximas ao paranormal.
No entanto, a ideia ficou estacionada no limbo da indústria e não ganhou vida até que Derrickson voltou com outro filme de terror, “Sinister – Entidade do Mal” (2012).
Nesse momento, a produtora Screen Gems confiou nele para retomar aquele roteiro solicitado por Bruckheimer, embora soubesse que devia ajustá-lo aos novos tempos.
“O texto mudou dramaticamente desde a minuta que preparei em 2003”, disse.
“Os principais ingredientes já tinham sido usados em todos os filmes que vieram depois, inclusive nos meus. Necessitávamos de algo mais fresco, portanto a principal mudança chegou com o personagem de Édgar. Trabalhamos lado a lado para conseguir um papel rico e profundo”, acrescentou Derrickson.
Édgar não se convenceu com o papel a princípio porque considerava que não tinha um lado pessoal e que só existia para ajudar o policial a encontrar respostas para suas perguntas religiosas e filosóficas.
As coisas mudaram quando decidiram que seu personagem descobriria algo sobre si mesmo durante a investigação policial.
“Passei quatro horas discutindo com Édgar sobre o papel. Realmente queria ele no filme. Até transformei o sacerdote em latino-americano. Após essa conversa, eu tinha certeza que queria fazer o filme. Continuei trabalhando no roteiro e no final Édgar aceitou, mas sei que foi produto dessa colaboração”, comentou.
Édgar, candidato ao Globo de Ouro, ao Emmy e aos prêmios do Sindicato de Atores dos EUA pela minissérie “Carlos”, se envolveu tanto na psicologia e na personalidade de sua personagem que deixou boquiaberto o realizador.
“É possivelmente o ator mais disciplinado e preparado com o qual trabalhei”, assegurou. “Não podia imaginar sua atenção nem a quantidade de documentação que realizou”, acrescentou Derrickson, lembrando que em uma cena onde se desenvolve um exorcismo, o ator começou a cantar uma canção relacionada com esse ritual.
“Todos ficamos atônitos. Ele a encontrou em sua busca. Foi alucinante”, disse o diretor.
Derrickson é um dos nomes do momento em Hollywood já que no começo deste mês foi anunciado que dirigirá “Doctor Strange”, um novo filme sobre os super-heróis da Marvel. Embora o estúdio tenha proibido de falar sobre o projeto, o diretor admitiu que quando a notícia foi oficial explodiu de felicidade.
“Foi o melhor sentimento da minha vida, depois do nascimento dos meus filhos”, explicou entre risos. “É um privilégio que vai além do que sou capaz de descrever. Não poderia estar mais agradecido”, concluiu. EFE
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