Shirley Temple: de prodígio de Hollywood a diplomata na Casa Branca

  • Por Agencia EFE
  • 11/02/2014 13h02

Magdalena Tsanis.

Redação Central, 11 fev (EFE).- Ela cantava, dançava, ostentava cachos perfeitos e, acima de tudo, conquistou enormes audiências para a Fox após a Grande Depressão. Shirley Temple, que morreu nesta segunda-feira aos 85 anos, foi um dos primeiros prodígios do cinema e uma mina de ouro para Hollywood.

Suas boas maneiras de adulta e seu sorriso ideal conquistaram uma legião de admiradores. Ela chegou a receber 16 mil cartas por mês, e salvou o estúdio da falência, chegando a fazer US$ 1.250 por semana.

Mas os lucros de Shirley Temple foram além do cinematográfico, já que se afastou das telas quando completou 20 anos para tentar uma nova vida como diplomata. Aí também ela deixou sua marca ao se transformar na primeira mulher chefe de protocolo da Casa Branca.

A pequena estrela nascida em 23 de abril de 1928 em Santa Mônica (Califórnia), filha de um banqueiro e uma dona de casa, começou sua carreira com pouco mais de três anos.

Protagonizou mais de 40 filmes feitos sob medida, como “Poor little rich girl” (1936) e “A Princesinha” (1939).

Foi filha de Gary Cooper e Carole Lombard em “Agora e Sempre” (1934), um empréstimo à Paramount Pictures. Viveu a menina órfã que cantava a canção de “Lollipop” em “Olhos Encantadores” (1934). E foi a pequena que sapateava subindo uma escada com Bill Bojangles Robinson em “A Mascote do Regimento” (1935).

Seu sucesso foi tanto que até Salvador Dalí a transformou em animal surrealista em um de seus quadros, e, com apenas seis anos, a Academia de Hollywood deu a ela um prêmio especial, intitulado “Baby Oscar”, por seus dotes no cinema.

A produtora MGM quis que ela fosse protagonista de “O Mágico de Oz” (1939), mas Darryl F. Zanuck, o fundador de Fox, se negou, e o papel foi a parar a Judy Garland.

É certo é que os lucros do estúdio com a pequena estrela não eram restritos à bilheteria. Suas músicas eram vendidas como água, e apareciam em caixas de cereais, vestidos e até sabão. O contrato expirou em 1940, e Shirley se retiraria nove anos mais tarde.

Sua carreira política e diplomática ainda demoraria alguns anos para decolar. Na década de 60, começou a colaborar com o Partido Republicano. Um ano depois de uma fracassada tentativa para se transformar em congressista em 1967 pela Califórnia, Shirley ocupou diferentes cargos diplomáticos.

O presidente Richard Nixon a nomeou delegada da missão americana na ONU, em 1969, e foi embaixadora em Gana, entre 1974 e 1976, quando se tornou chefe de protocolo da Casa Branca.

Como embaixadora na Tchecoslováquia (1989-1992), foi testemunha da Revolução de Veludo, um movimento pacífico que forçou a queda do Partido Comunista e a transição para um sistema democrático.

Também foi parte de conselhos diretores de diversas empresas e companhias sem fins lucrativos, entre elas Walt Disney, o Institute for International Studies da Universidade de Standford e a Comissão dos Estados Unidos para a Unesco.

Casou-se aos 17 anos com o soldado convertido em ator John Agar, com quem teve uma filha, Susan. Dois anos mais tarde, se divorciaram e ela conheceu seu segundo marido, o empresário Charles Alden Black, com quem se casou no mesmo ano.

Em 1972, superou um câncer de mama. Nos últimos anos, se dedicou à luta contra o câncer e a revistar seu legado cinematográfico, que contou em sua autobiografia, “Child Star”, sem edição no Brasil. EFE

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