Sons de mistura étnica e nomadismo revivem cultura balcânica no Brasil
Isadora Camargo.
São Paulo, 8 mai (EFE).- Danças e ritmos vibrantes, que misturam histórias de povos nômades, recuperam a memória musical do leste europeu através das seis vozes femininas e dos sete instrumentistas do grupo brasileiro Mawaca.
O grupo não se classifica como uma formação musical comum e utiliza isso para acompanhar as diferentes vozes femininas com instrumentos acústicos, como o acordeão, o violoncelo, a flauta, o saxofone e o contrabaixo, além da percussão, com tábuas indianas, peças árabes e pandeiros.
“O Mawaca começou com o gosto de pesquisar músicas cantadas pelo mundo, principalmente, de grupos femininos. Assim, eu fui selecionando e formando o repertório com alguns cantores e depois entraram os instrumentistas para formar uma mini-orquestra”, contou à Agência Efe Magda Pucci, cantora e diretora do grupo, que nesta semana participou do Festival de Música e Dança dos Bálcãs, em São Paulo.
As origens e a própria formação musical das cantoras e instrumentistas conseguem a fusão de ritmos e culturas, explicou ela. O repertório de misturas étnicas é formado por canções de diversos povos, que, além dos ritmos búlgaros e outros do sudeste europeu, contam com música dos judeus sefarditas, haitianos, mexicanos, indianos e turcos.
“A música cigana, principalmente, tem muito desta perspectiva popular. São músicas dançantes e, por isso, é apropriada para festivais, por exemplo, porque as pessoas dançam nas ruas com a percussão como elemento muito importante”, salientou Magda.
O grupo existe desde 1995 e já participou de grandes festivais de música, entre eles o Rock in Rio.
O mais recente trabalho dos músicos é “Inquilinos do Mundo”, que foi apresentado durante o festival no SESC Pompeia na capital paulista. O CD traz canções e melodias provenientes de povos do Ocidente e do Oriente, enfatizando a fusão com ritmos parecidos aos brasileiros.
“A ideia é de um projeto que retrate o nomadismo, reúna canções de pessoas que migram de um lado para outro por catástrofes ou outras situações. Temos o caso dos haitianos e pessoas que têm que atravessar várias fronteiras, muito associadas aos ciganos e vários grupos nos Bálcãs que vivem em constante mutação”, ressaltou a cantora.
O nome do grupo também tem um significado étnico especial. Em língua hausa, praticada no norte da Nigéria, Mawaka, com “k”, significa “cantores”. Elas decidiram adotá-lo com “c” para refletir a mistura com outras culturas.
O diferencial do grupo é que ele não se aproxima de qualquer outra formação musical e fortalece seu trabalho com pesquisa.
“A música tem um trabalho de pesquisa muito forte, além do trabalho de regras e performance, o que permitiu ao grupo se manter unido por 17 anos, em processo permanente de elaboração e sofisticação, independente de ser uma expressão popular”, sintetizou a diretora do Mawaka. EFE
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