‘Casseta & Planeta sentiu mais as restrições da Globo do que a morte do Bussunda’, diz Helio de la Peña

  • Por Jovem Pan
  • 09/11/2018 14h41 - Atualizado em 09/11/2018 14h52
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Jovem Pan Helio de la Peña foi o convidado do Pânico desta sexta-feira (9)

O humorista Helio de la Peña revelou que as restrições impostas pela Globo ao “Casseta & Planeta Urgente” foram um dos principais motivos pela queda de qualidade do programa. “A gente sentiu mais isso do que a morte do Bussunda”, afirmou o comediante em entrevista ao Pânico, nesta sexta-feira (9).

O ex-Casseta contou que o departamento comercial da emissora começou a ter muita influência nas decisões. “Não podia falar de marcas, de atrações de outras emissoras”, lembrou. A situação piorou quando a Globo também impôs uma restrição política às piadas. “Aí o bicho começou a pegar”, disse de la Peña.

Um dos principais momentos das restrições políticas da Globo foi na época em que o escândalo do Mensalão estourou, entre 2005 e 2006. “A Globo pegava pesado no jornalismo e a gente no humor”, contou o ator. Entretanto, a emissora pediu para os Cassetas pararem de fazer piadas sobre o assunto para que a cobertura jornalística não perdesse credibilidade.

Para reverter as restrições que vinham sofrendo, uma das saídas encontradas pelo grupo foi fazer paródia das novelas da casa. A estratégia deu certo. “As pessoas ficavam muito impressionadas de a gente dar continuidade ao capítulo que tinha acabado de passar”, disse o comediante. O sucesso foi tanto que alguns autores passaram a ajudar os roteiristas a fazer as paródias. “A Gloria Perez mandava para a gente o capítulo que seria exibido naquele dia, para ficar mais perfeito”, contou.

Novo momento

Depois do sucesso na TV, agora Helio de la Peña apresenta um show de standup ao lado de Mu Chebabi, que também esteve no Pânico. Eles falaram sobre o momento atual do humor. “O humor levado a sério é o fim da picada”, lamentou Helio.

Para o Casseta, atualmente existe muita patrulha em relação ao humor. “A gente pegou a saída da ditadura, agora a gente está num momento de muita patrulha”, afirmou. “Nos anos 1980, fomos experimentando a liberdade para ver até onde ia”, completou Mu.

Entretanto, Helio reconhece que os tempos são outros e piadas como as que eram feitas com Mussum nos Trapalhões não têm mais espaço. “Na época dos Trapalhões, o preto não estava na sala”, disse. “É uma conquista de respeito, de entender que você estava fazendo uma zoação com o cara que já tem uma baixa autoestima”, afirmou sobre piadas consideradas racistas.

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