CBS demite diretor-executivo após múltiplas acusações de assédio sexual

  • Por Agência EFE
  • 10/09/2018 07h42
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EFE No último mês de julho, seis mulheres, entre elas pelo menos uma atriz e uma roteirista, que tiveram vínculos profissionais com o diretor-executivo da "CBS", alegaram que ele as assediou sexualmente há mais de duas décadas

A emissora americana CBS e seu diretor-executivo, Leslie Moonves, fecharam neste domingo um acordo para que este último deixe a companhia após ter sido acusado de assédio sexual por algumas mulheres, que nos últimos meses informaram suas histórias para a revista “The New Yorker”.

A própria empresa emitiu um comunicado anunciando o acordo com o diretor e informando o nome do seu sucessor no cargo, Joseph Ianniello, poucas horas depois que a empresa nova-iorquina publicou em seu site um novo artigo, no qual seis mulheres acusavam Moonves de ter se excedido com elas.

Além disso, a emissora informou que tanto o diretor como a própria empresa doarão US$ 20 milhões a “uma ou mais organizações que apoiem o movimento #MeToo (Eu Também), assim como a igualdade das mulheres em seu local de trabalho”.

As denúncias

Um artigo assinado por Ronan Farrow, que também revelou as denúncias anteriores, assegura que Moonves, à frente da “CBS” desde 2016, conversa há várias semanas com a junta diretiva sobre sua saída da corporação.

Tais conversas acontecem em meio a pressões dos acionistas e de ativistas pelo fato da empresa não ter tomado nenhuma medida após as denúncias, segundo Farrow, que também assinou uma reportagem sobre os abusos sexuais do produtor de Hollywood, Harvey Weinstein.

No último mês de julho, seis mulheres, entre elas pelo menos uma atriz e uma roteirista, que tiveram vínculos profissionais com o diretor-executivo da “CBS”, alegaram que ele as assediou sexualmente há mais de duas décadas.

Quatro delas asseguraram que durante reuniões de trabalho houve beijos e carícias não desejadas por parte de Moonves, no que alegam que parecia ser uma prática habitual, segundo o artigo de Farrow.

Duas afirmaram ainda que Moonves, de 68 anos, supostamente as intimidou fisicamente ou ameaçou destruir suas carreiras e asseguraram, além disso, que este tornou-se distante ou hostil depois que elas rejeitaram seus avanços.

Farrow mostra no artigo as conversas com Moonves que surgiram novas alegações de outras seis mulheres que lhe acusam de tê-las assediado ou violentado sexualmente, o que teria ocorrido entre 1980 e o início dos anos 2000.

Moonves, que se transformou em uma das vozes a favor do movimento #MeToo, surgido por causa das denúncias contra Weinstein, garantiu à revista que teve relações consensuais com três delas.

De acordo com o artigo, as queixas incluem tê-las obrigado a praticar sexo oral, ter se exibido sem o consentimento destas ou ter usado violência física e intimidação contra elas.

Algumas alegaram inclusive que o executivo tomou represálias por ter sido rejeitado e acrescentaram que isso prejudicou suas carreiras.

Uma das mulheres, a quem Farrow identifica como Phyllis Golden-Gottlieb, uma veterana executiva de televisão, disse que no ano passado apresentou uma denúncia criminal no Departamento de Polícia de Los Angeles contra Moonves acusando-lhe de tê-la subjugado e obrigado a praticar sexo oral.

Também alegou que Moonves supostamente se expôs e que a atirou violentamente contra uma parede e, embora a polícia tenha considerado que sua queixa era “crível”, a promotoria não o processou porque o tempo para fazê-lo tinha prescrito, segundo o artigo da “The New Yorker”.

Outra mulher, a escritora Jessica Pallingston, que foi assistente de Moonves nos 90, garantiu que este lhe obrigou também a praticar sexo oral e que, após repelir outras tentativas, tornou-se hostil.

As negociações de Moonves com a “CBS” poderiam levar-lhe a deixar a empresa com pelo menos US$ 100 milhões. Algumas das mulheres expressaram sua indignação por isso enquanto Pallingston considerou “totalmente repugnante”.

“Ele deve pegar esse dinheiro e dar a alguma organização que ajude sobreviventes de abuso sexual”, afirmou.

Moonves admitiu ter tido encontros com três das mulheres que lhe acusam, mas assegura que foram consensuais, embora não as tenha identificado, segundo uma declaração à revista “The New Yorker”.

“As terríveis acusações neste artigo não são certas. O que é certo é que tive relações consensuais com três das mulheres há 25 anos, antes de vir para a ‘CBS'”, declarou o executivo, que negou ter usado sua posição para dificultar o avanço das carreiras de mulheres.

“Em meus 40 anos de trabalho, nunca tinha escutado tais perturbadoras acusações. Só posso presumir que surgiram agora pela primeira vez, como parte de um esforço arranjado para destruir meu nome, minha reputação e minha carreira”, declarou.

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