Criticado por Bolsonaro, filme de Bruna Surfistinha rendeu quase R$20 milhões em bilheteria
Cinebiografia da ex-garota de programa ainda teve quase o mesmo número de espectadores que ‘Tropa de Elite’
Lançado em 2011 com a atriz Deborah Secco no papel principal, a cinebiografia da ex-garota de programa Bruna Surfistinha rendeu R$19.965.570 em bilheteria à época. O filme foi apontado nesta quinta (18) pelo presidente Jair Bolsonaro como um exemplo do que não deveria ser fomentado pela Agência Nacional do Cinema (Ancine).
A produção foi a terceira mais vista naquele ano entre obras brasileiras, ficando atrás de “Cilada.Com” e “De Pernas Pro Ar”. O filme também levou mais de 2,1 milhões de pessoas ao cinema, índice similar ao de “Tropa de Elite”, com 2,4 milhões, lançado três anos antes.
Sucessos de franquias internacionais como “X-Men: Primeira Classe” e “Planeta dos Macacos: A Origem” também figuraram na casa dos 2 milhões de espectadores em 2011. O filme de Surfistinha, que estreou em fevereiro, foi distribuído em 347 salas do país. Segundo os produtores, a obra ainda rendeu cerca de 400 empregos diretos e indiretos.
No total, a obra captou R$4.283.019,99 em renúncia fiscal, segundo dados do Observatório Brasileiro do Cinema, gerido pela Ancine.
Críticas do presidente
Ontem, em discurso durante a cerimônia dos 200 dias de governo no Palácio do Planalto, Bolsonaro disse que não poderia permitir que a agência fornecesse dinheiro público para fomentar produções como a de Surfistinha. O presidente disse que conversou com o ministro da Cidadania, Osmar Terra, para realizar mudanças no órgão.
“Conversamos e nos resolvemos sobre a Ancine. Não posso admitir dinheiro para filme da Bruna Surfistinha”, declarou. “Não sou contra a opção de ninguém, mas ativismo é o que nós não podemos permitir, em respeito às famílias.”
No Twitter, Surfistinha rebateu a fala do presidente. “Digo que antes dele fazer juízo de valor sobre os outros, deveria cuidar da moral da própria família e do nosso país”, escreveu. “Ele está cuidando demais do que não precisa e fazendo pouco do que é realmente necessário pra termos um país melhor.”
Sobre o filme
Dirigido por Marcus Baldini, “Bruna Surfistinha” conta a história de Raquel Pacheco, jovem de classe média que saiu de casa para fazer programas na noite de São Paulo. Ela passaria a contar a experiência através de um blog que ficou famoso na Internet nos anos 2000.
Em 2005, os textos foram reunidos pelo jornalista Jorge Tarquini no livro “O Doce Veneno do Escorpião”, que acabaria se tornando best-seller e inspiraria o roteiro do filme.
Nesta sexta (19), Bolsonaro voltou a falar sobre a produção, sugerindo extinguir a Ancine se não puder “filtrar” obras fomentadas pelo órgão. “Se não puder ter filtro, nós extinguiremos a Ancine. Privatizaremos ou extinguiremos. Não pode é dinheiro público ser usado para fazer filme pornográfico.”
Questionado sobre que tipo de filtro será usado, Bolsonaro disse que são “filtros culturais” e citou como exemplo histórias que retratem os “heróis nacionais”.
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