‘Little Fires Everywhere’: Nova minissérie do Prime Video discute racismo e maternidade
“Little Fires Everywhere“, série em oito episódios que chega ao Amazon Prime Video no Brasil nesta sexta-feira (22) tem alguns pontos em comum com o sucesso “Big Little Lies“, da HBO – além do “little” no título.
Ambas têm um mistério no centro, mulheres como personagens principais e são baseadas em best-sellers. “Pequenos Incêndios por Toda Parte”, de Celeste Ng, e “Pequenas Grandes Mentiras”, de Liane Moriarty, foram publicados aqui pela Intrínseca. E as duas são produzidas e estreladas por Reese Witherspoon, que interpreta mães controladoras – lá, Madeline, aqui, Elena.
“Engraçado, eu não consigo ver semelhanças entre as duas, a não ser a maternidade, que é a essência das personagens”, disse a atriz em evento da Associação de Críticos de Televisão, em Pasadena, região de Los Angeles.
“Big Little Lies” se passava numa área afluente da Califórnia, com cinco mães lidando com masculinidade tóxica, abuso sexual e violência doméstica. Em “Little Fires Everywhere”, baseado nas experiências da escritora Celeste Ng como americana de origem asiática em Shaker Heights, em Ohio, também mostra diferentes maneiras de ser mãe e discute privilégio, classes sociais e racismo.
Elena Richardson (Witherspoon) é de uma família tradicional da cidade do Meio-Oeste, um lugar cheio de verde, com belas casas e muitas regras para não só ser, mas parecer rica. Elena tem um casamento modelo, quatro filhos adolescentes e é jornalista.
Acredita-se uma progressista, sem um fio de cabelo racista, mas não se dá conta das vantagens que teve na vida. E crê em se encaixar nos moldes e fazer tudo de forma planejada e certinha, por isso vive às turras com a filha Izzy (Megan Stott).
A chegada de Mia Warren, vivida pela atriz Kerry Washington (da série “Scandal” e do filme “Django Livre”) e sua filha, a também adolescente Pearl (Lexi Underwood), num carro velho, onde moram se for preciso, transforma tudo. Mia é o oposto de Elena: artista plástica, faz tudo espontaneamente, mudando-se quando dá vontade. As duas têm uma relação tensa desde que se conhecem, quando Elena mostra um apartamento da família para Mia alugar. Piora quando Pearl fica amiga dos filhos de Elena, fascinada por aquela vida que não tem, e Izzy, incompreendida pela mãe, se identifica com a artista.
O romance de Celeste Ng lidava com o racismo com a personagem Bebe Chow (Lu Huang), uma imigrante que vai colocar Elena e Mia de lados opostos mais uma vez. Mas, ao escalar Kerry Washington para o papel de Mia, há uma outra camada de debate sobre o assunto. Não que ela tenha sido escalada por isso.
Ganhadora do Oscar de melhor atriz de 2006 pelo filme Johnny & June e indicada na mesma categoria por “Livre” (2015), Reese Witherspoon estava procurando uma parceira dentro e fora das telas, como já tinha feito com Nicole Kidman em “Big Little Lies” e Jennifer Aniston em “The Morning Show”.
“Eu queria trabalhar com a Kerry fazia tempo. Somos amigas há anos e, quando li o livro, vi que havia ali muitos elementos complexos. Precisava de alguém com quem pudesse ter conversas difíceis. Meu primeiro instinto foi o de pensar em quem realmente vai botar a mão na massa. Porque é muito trabalho produzir e atuar em uma série. E Kerry faria isso, eu sabia. Fora que ela traz uma graça e um aspecto intelectual ao trabalho”, afirmou ainda.
O livro já tratava de diferenças sociopolíticas, culturais e de classe, na opinião de Kerry Washington. “E também lidava com raça e de uma maneira não binária, não são só brancos e negros”, contou a atriz. “Ele fala de identidade asiática e imigrante, além de classe. Mas adicionar esse outro elemento de raça na equação, com a Mia, enriquece a narrativa. É bastante coisa para destrinchar.”
Para dar conta de tudo, a showrunner Liz Tigelaar montou uma equipe de roteiristas diversificada, não só em termos de raça e de classe. “Havia mães solteiras, filhos de imigrantes, gente como eu que foi adotada, artistas, poetas, gente criada em Ohio”, informou. “E ninguém estava lá por um aspecto, para ser a voz de uma raça, ou para representar. Todos estavam lá como seres completos e tiveram conversas muito pessoais sobre os temas que importavam para eles.”
Para Kerry Washington, isso tornou os personagens mais ricos ainda. “Essas duas são mulheres que se ama ou se odeia. São como você, ou não dá para ter ideia de como se tornaram quem são. Mas são muito reais e complexas”, acrescentou.
*Com Estadão Conteúdo
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